Provocou certa angústia a teleconferência da direção da Petrobras realizada nesta quinta-feira com analistas de mercado, que têm a difícil missão de recomendar - ou não - ações da companhia a investidores. Embora as cobranças tenham sido em tom educado, ficou evidente a impaciência com a falta de transparência na informação.
Mais de um participante tentou obter informações dizendo que "precisava entender" os números da estatal. E a falta de visibilidade se materializou em nova queda nas ações, menos estrepitosa do que no dia anterior, mas igualmente preocupante.
O pouco que ficou claro aponta um cenário viscoso: risco de perdas maiores do que os já assombrosos R$ 88,6 bilhões, investimentos em exploração e produção reduzidos ao "mínimo necessário", corte de projetos, venda de ativos, ameaça de não dividir com os acionistas eventuais ganhos do ano passado - se ganho houver.
E no meio do mais difícil momento da companhia, circulou a informação de que a presidente Dilma Rousseff só substituiria Graça Foster depois que a atual presidente fosse isentada de culpa na corrupção da Lava-Jato. Graça pode não ter embolsado propinas. Mas legal e administrativamente, é a responsável pela atual situação da companhia. Não é a única. Compartilha o fardo com o conselho de administração e a diretoria. E está em situação muito delicada.
Ontem, confirmou que dois projetos de refinaria - um no Ceará, outro no Maranhão - foram cancelados. Mas o que já foi feito até agora já custou R$ 2,7 bilhões à Petrobras. E surpreendeu profissionais experientes ao dizer, sobre o cálculo de perdas não reconhecido no balanço:
- Esse numero aqui não é firme e depende dos números de empresas que estão sendo informados pelo Ministério Público. Cresce o número de empresas, cresce esse número.
Entre a reputação da gestora e a reputação da maior empresa brasileira, não há escolha possível. Uma pode ficar devastada. Outra pode devastar um já desgastado motor da economia.