Pela primeira vez, a Operação Leite Compen$ado - do Ministério Público Estadual - realiza prisão e apreensões de caminhões e documentos no Paraná. Deflagrada na manhã desta quarta-feira, a fase seis da investigação focou a ação na receptação de leite gaúcho adulterado.
Conforme o MPE, a Confepar Agro-Indústria Cooperativa Central, fabricante de leite UHT e derivados da marca Polly, tem conhecimento de que adquire o produto adulterado. A cooperativa tem sede em Londrina, importante cidade agroindustrial no norte paranaense. Na cidade de São Martinho e arredores, no noroeste gaúcho, foram presos suspeitos de serem os fornecedores do leite adulterado.
Participam da fase seis da Operação Leite Compen$ado 70 integrantes do MPE, da Brigada Militar, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Receita Estadual. No Paraná, a prisão e o cumprimento dos mandados de busca e apreensão foram feitos pelo Ministério Público paranaense.
Uma das prisões foi efetuada no posto de resfriamento da cooperativa, em São Martinho, onde 60 laudos de análises laboratoriais apontaram alteração da composição físico-química do leite, decorrente da má qualidade do produto. As amostras de leite cru foram coletadas nos dias 12 de março e 3 de abril deste ano e representam 192 mil litros de leite.
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Após mais de seis meses de investigações do MPE, ficou comprovado que a cooperativa adquiria leite fraudado ou em deterioração com conhecimento de um supervisor de captação de leite - que ainda é procurado pela polícia -, bem como do responsável pela captação no posto de resfriamento da Confepar em São Martinho, Fernando Júnior Lebens - preso na manhã desta quarta-feira.
A cooperativa paranaense, a oitava maior do país em processamento de leite, compra em média 6 milhões de litros da bebida por mês produzida no Rio Grande do Sul - segundo maior produtor nacional.
- Trata-se de uma concorrência criminosa, pois a cooperativa compra leite gaúcho pelo preço do litro no Paraná, valor superior ao mercado gaúcho. Além de aceitar o produto em qualquer condição, incentivava a fraude - afirma o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, responsável pelas investigações.
De acordo com o MPE, entre os transportadores que entregavam leite adulterado à Confepar, estão o presidente da Cooagrisul, Alcenor Azevedo dos Santos, de Taquaruçu do Sul. Preso hoje, Alcenor é apontado como comprador de ureia no mesmo período em que entregou leite adulterado no posto da Confepar.
À tarde, foi preso Cleomar Canal, um dos sócios da Transportes Três C, de Ibirubá. Ele já foi denunciado pelo mesmo crime na primeira fase da operação, em maio de 2013, e respondia ao processo em liberdade. Outro preso é Diego André Reichert, transportador de leite de Campina das Missões. A investigação aponta que Reichert entregou leite cujo transbordo foi feito de forma irregular, sem condições mínimas de higiene, na maioria das vezes em estradas vicinais.
Além dos cinco mandados de prisão expedidos - sendo que quatro pessoas já foram presas -, a sexta etapa da Leite Compen$ado cumpriu 16 mandados de busca e apreensão nas cidades paranaenses de Londrina e Pato Branco e nos municípios gaúchos de Ijuí, Taquaruçu do Sul, Ibirubá, Campina das Missões, Alegria, Boa Vista do Buricá, Crissiumal, São Valério do Sul, São Martinho, Cruz Alta e Coronel Barros. A Justiça de Santo Augusto autorizou a apreensão de 24 caminhões utilizados para transportar leite adulterado nessas cidades.
Procurada pela reportagem, a Confepar disse estar "se inteirando" do assunto e que decidirá se vai se pronunciar."