O que já se esperava há um bom tempo diante da fraca situação da economia brasileira foi confirmado nesta segunda-feira: o Brasil teve o seu rating rebaixado de BBB pra BBB-. Reflexo do baixo crescimento do país, da inflação em alta e da deteriorada situação das contas públicas, a decisão anunciada pela agência de classificação de risco Standard & Poor's também é creditada a sinais pouco claros da política econômica do governo, que convive com gastos elevados da União e regras monetárias rígidas de juro maior para tentar conter a alta dos preços.
Mas o que se precisa saber é até que ponto, realmente, a decisão da S&P influenciará o apetite dos investidores externos em aplicar por aqui. Dinheiro que o Brasil precisa - e muito - no ano passado, foram cerca de US$ 60 bilhões.
Em tese, o rebaixamento pode atrasar e dificultar novos investimentos no país, já que a classificação é uma forma de orientação a quem é dono do capital. Mas, talvez, a redução não seja assim tão drástica. Afinal, na decisão da agência, o Brasil ainda é considerado seguro para investir - manteve o chamado grau de investimento, apesar do evidente aumento do risco.
Mas, frise-se, com baixo risco de calote, espécie de certificado para quem é considerado bom pagador de seus compromissos, com a remuneração devida. No caso contrário, avaliação ruim de determinado país significa que existe possibilidade de calote, ao não pagar os investidores. Não é o caso do Brasil.
Apesar de evidente reconhecimento no mercado, as agências de classificação de risco não têm a palavra definitiva. Afinal, elas mesmo consideravam boas as notas de bancos e empresas envolvidos até o último fio de cabelo na crise financeira mundial recente, que ainda hoje assombra a muitos.