Idealizado para discutir as novas possibilidades e rumos da comunicação no mundo hiperconectado e cada vez mais dinâmico, o 1º Encontro Nacional de Anunciantes e Agências (Enaa), realizado nesta quarta-feira no centro de eventos do BarraShoppingSul, tratou sobre assuntos muito mais amplos.
Com presença massiva de estudantes e profissionais da área, o evento contou com três palestrantes, que debateram sobre questões como administração pública, sistema de ensino público, segurança e globalização. Marie Chan, diretora da Effective Brands NY, Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM Brasil, e Sebastian Soares, sócio da KPMG Brasil, apresentaram pesquisas e impressões sobre o mercado, recomendações para alcançar melhores resultados e como empresas, governos e pessoas podem fazer um uso mais completo da tecnologia para chegar a seus objetivos.
No evento, foi feita homenagem ao publicitário Lairson Kunzler, um dos idealizadores do Enaa, morto em um assalto na Capital em 24 de fevereiro. Confira ao lado os principais temas debatidos.
Conhecer o cliente é o segredo
Com exemplos de ações que acabaram causando prejuízo, a diretora da Effective Brands NY Marie Chan listou dificuldades e oportunidades que empresas visualizam na nova realidade do consumidor de mídia - hiperconectado, móvel, usuário de multitela e cada vez mais exigente. Segundo a americana, o que separa vencedores de perdedores ("ou pessoas que se superam e não atingem os objetivos, como os executivos gostam de chamar") é saber como manipular a quantidade estonteante de informações disponíveis na internet e conhecer a fundo o consumidor. As conclusões apresentadas são resultado do estudo Marketing 2020.
Para alcançar o sucesso, disse a diretora, é importante ter ideais sólidos e transparentes, que engajem tanto o consumidor quanto o empregado. Ela citou o exemplo da Coral, marca de tintas que pintou casas em zonas pobres por acreditar que isso ajudaria no bem estar e desenvolvimento da região.
Prever o futuro para melhorar os serviços
Antecipar tendências. Antever desejos. Adiantar movimentos do mercado. Em resumo, prever o futuro. É isso que o novo executivo de mercado deve tentar fazer, segundo o gerente de novas tecnologias da IBM Brasil, Cezar Taurion. Com base em estudos da empresa, Taurion avalia que o big data - conjunto de informações e dados sobre os usuários que podem ser utilizados para fazer análises de mercado - é um "tsunami em alto mar": seu potencial ainda não é visto com totalidade, mas será avassalador em breve. Ele usou como exemplo projeto da Amazon que planeja analisar movimentos de mouse e tempo de permanência em uma página para prever a compra de um produto e enviá-lo para a casa do usuário antes mesmo de a aquisição ser efetuada.
Segundo Taurion, a internet possibilita conhecimento quase infinito do cliente, o que pode servir para melhorar a vida nas cidades: sabendo dos costumes de certos bairros, pode-se aperfeiçoar o serviço de transporte público, por exemplo.
A mídia tradicional não vai morrer
- Levanta a mão quem acredita que as mídias tradicionais vão morrer - provocou Sebastian Soares, sócio da KPMG Brasil.
Uma menina levantou a mão. E ela estava errada.
Soares disse que todas as mídias serão complementares. A ideia de que "a internet vai matar o jornal" é errada, concluiu estudo da KPMG, feito com mais de 9 mil pessoas, em nove países, entre eles o Brasil, no final de 2012.
Pessoas leem notícias no tablet e no jornal. Ouvem rádio em aplicativos de celular. Assistem a conteúdo na TV e no smartphone. A pesquisa mostrou ainda que essa realidade é mais prevalente no Brasil: somos o país que mais utiliza sites para obter notícias, o segundo que mais ouve música na internet, o terceiro que mais joga virtualmente. Para se adaptar a essa realidade, Soares apresentou recomendações: entender o consumidor, aceitar a nova realidade, apostar no cliente multitarefa e entender que o online e offline são igualmente valiosos.