Apesar de ter sido mais um ano - o terceiro - de crescimento moderado, a informação de que o Brasil avançou 2,3% em 2013 pode ser interpretada por diversos ângulos. O primeiro é que precisávamos nos desenvolver bem mais para fazer frente às necessidades do país. O ministro Guido Mantega festejou o PIB, considerou que indica trajetória de aceleração gradual para a economia e classificou-o como de "qualidade" por ter sido amparado nos investimentos.
Pretendia partilhar mais desta convicção positiva, mas os sinais de grande parte dos indicadores não evidenciam esta retomada. Ao contrário, o que se vê é uma velocidade lenta dos negócios e planos de investimento ainda na gaveta à espera da mudança do cenário de indefinições para mais certezas no horizonte. Outra preocupação é o fato de que a indústria, com poder de fogo inquestionável na economia, perdeu fôlego. O valor adicionado, por exemplo, caiu de 26% em 2012 para 24,9% em 2013, menor participação desde 2000.
Mas o PIB trouxe uma boa surpresa. A alta dos investimentos deu um pulo de 6,3%, amparada no guarda-chuva dos programas de crédito para habitação e crédito a juro menor do BNDES para a compra de equipamentos e caminhões. Foi o investimento que fez o PIB mudar de trajetória, mesmo com o cenário desfavorável de crédito em geral e menor confiança do empresário. Mas o ritmo ascendente não continuou nesta mesma balada e, no final do ano, já desacelerou.
O futuro mais imediato também traz opiniões divergentes. Se o ministro confia em melhora da indústria, com as exportações favorecidas pelo câmbio, o cenário, na realidade, não é tão positivo. Já existe uma percepção de que 2014 será um ano de crescimento baixo, o que, claro, influencia você, seu vizinho e a maior parte das pessoas.
Quem vai colocar em prática um projeto maior quando pouco se espera do futuro marcado por juros ainda subindo, desvalorização cambial e investimento limitado? E com o complicador dos protestos que se avizinham? O otimismo do governo tende a ser quase uma exceção no universo bem maior, ainda à espera de uma indicação forte para a bússola que pode guiar a todos a um panorama mais certo e menos imerso em dúvidas.