Fechadura biométrica: a entrada na residência funciona por meio de reconhecimento da impressão digital dos proproetários.
É bem verdade que ainda não se vê cidades flutuantes ou skates voadores por aí, como no desenho animado Os Jetsons (relembre) ou no clássico da década de 1980 De Volta para o Futuro, mas muitas tecnologias que, décadas atrás, não passavam de mero delírio de alguns roteiristas de cinema já fazem parte do nosso cotidiano.
Controle de lâmpadas, persianas, câmeras de segurança, ar-condicionado, torneiras, irrigadores de jardim, aquecimento da banheira, tudo ao alcance de um controle remoto ou de um toque na tela do smartphone. Pode parecer bastante futurista para a maioria, mas já é realidade para uma parte da população.
Os avanços não se resumem às residências. A Amazon, maior empresa de comércio eletrônico do mundo, já anunciou que está testando aviões não-tripulados, os drones, para fazer a remessa de encomendas dos clientes. A ideia é entregar pacotes com até 2,3 quilos em até 30 minutos.
- Eu sei que isso parece filme de ficção científica, mas não é - resumiu o diretor-executivo da Amazon, Jeff Bezos, ao anunciar a novidade no programa de televisão americano 60 Minutos no final do ano passado.
A indústria automobilística já trabalha para desenvolver veículos que dispensam motoristas e se conectam de modo independente à internet - algumas novidades inclusive foram apresentadas na CES desse ano. É um passo à frente em relação à tecnologia já existente, como o rastreador família, por exemplo, que registra dados sobre hábitos na direção e avisa os pais por mensagem SMS se o filho ultrapassa os limites de velocidade.
A parceria da Google com as montadoras Audi, GM, Honda e Hyundai pretende levar o sistema Android para os carros até o final do ano. Na prática, permitirá que o carro leia semáforos, pedestres e outros eventuais obstáculos.
Os donos de um espaçoso apartamento localizado no bairro Bela Vista, em Porto Alegre, já convivem com boa parte dessas inovações. O tom futurista da cobertura, com mais de 500 metros quadrados, decorada em tons neutros, já é percebido logo na chegada. Nada de chaves para abrir portas. A entrada funciona com reconhecimento de digitais. Na sala, colunas de luz permitem mudar a cor do ambiente com um simples comando pelo celular, conforme a vontade do morador. Na cozinha, um sistema de aspiração indica que a pazinha de recolher lixo pode virar objeto de antiquário logo, logo.
- Residências tão equipadas como essa ainda são raridade. Mas o mercado tem se ampliado. Clientes que não têm condições de arcar com todas as despesas de uma vez optam por automatizar os ambientes da casa por etapas - conta o arquiteto Dall'Agnol R. Junior, responsável pelo projeto.
Aspiração central: Os resíduos são aspirados por meio de uma tubulação central, eliminando o uso da pazinha
Os custos para equipar a casa com o que há de mais moderno em automação crescem de acordo com as ambições do cliente, já que o preço e a qualidade dos equipamentos disponíveis no mercado variam. Em média, representam de 3% a 5% do valor do imóvel, calcula José Roberto Muratori, diretor-executivo da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside).
Com mais de 15 anos de experiência no ramo, Muratori projeta que o setor de automação residencial avance de 15% a 20% em 2014, bem acima dos 2% que economistas estimam para crescimento do país no ano. Os motivos são a utilidade do serviço e a constante redução dos preços.
- Quanto mais empresas entram no mercado, mais barato fica o serviço. Hoje a classe média já tem condições de automatizar a casa. Estimamos que existam, no Brasil, 1,5 milhão de casa com potencial de consumir o serviço. Além disso, tem a utilidade. É possível economizar energia, por exemplo. Não serve apenas para causar inveja no cunhado - brinca Muratori.
VÍDEO: veja as comodidades do apartamento da Capital
Promessa de economia
Geralmente associado ao conforto e segurança, especialistas em automação ressaltam que uma das vantagens de instalar sistema integrados em casa é a economia de energia. Ao acessar todos os sistemas remotamente, o morador liga apenas aquilo que quer e precisa, sem, necessariamente, usar tudo na potência máxima.
A tecnologia permite também que com apenas um toque sejam desligados todos os equipamentos da casa durante uma viagem, assegurando que nenhuma luz fique ligada e nenhuma torneira aberta por descuido quando a família estiver distante. Da mesma maneira, antes de chegar em casa, é possível enviar um comando e retornar a residência ao estado normal, com as luzes da garagem ligadas e o ar-condicionado já na temperatura ideal.
O custo dos equipamentos, mais elevado no Brasil em comparação com os preços praticados nos Estados Unidos e na Europa, dilui bastante o alívio no bolso do consumidor, mas preocupação com economia é uma tendência, garante José Roberto Muratori, da Auroside:
- Aqui a questão de conforto e segurança predominam. Lá a sustentabilidade já é uma exigência. Se destaca no mercado quem consegue produzir equipamentos mais econômicos.