Nathan Blecharczyk
Brian Chesky
Joe Gebbia
Os clássicos colegas de quarto das séries norte-americanas viraram um caso real de sucesso empreendedor: o Airbnb.
Quando eram estudantes da Rhode Island School of Design, na Nova Inglaterra, Joe Gebbia, atual diretor de produto da empresa, e Brian Chesky, seu presidente, colocaram a república de estudantes à disposição dos participantes de uma conferência que já tinha lotado todas as formas convencionais de hospedagem.
Era 2007 e, em agosto de 2008, a ideia se transformou em um serviço online de aluguel de espaços para dormir e tomar o café da manhã chamado AirBed & Breakfast. O nome é uma referência aos colchões infláveis (airbed, literalmente camas de ar) usadas para acomodar hóspedes. À dupla inicial logo se somou Nathan Blecharczyk, engenheiro de computação formado em Harvard e atual diretor de tecnologia. Sem capital à época, os sócios chegaram a acumular uma dívida de US$ 20 mil em seus cartões de crédito.
Os cereais redentores
Para poder financiar o lançamento do site airbed&breakfast.com (que logo virou Airbnb), decidiram oferecer um café da manhã com cereais matinais "colecionáveis", especialmente criados por eles e inspirados em personagens como Barack Obama e John McCain, que disputaram a presidência dos EUA em 2008. O sucesso foi tão grande que a CNN fez uma ampla cobertura, assim como o telejornal matutino Good Morning America, e até a cantora Katy Perry autografou uma série de caixas de cereais para seus fãs. Em apenas quatro meses, foram vendidas cerca de 800 caixas a US$ 40 cada uma. A soma final: US$ 32 mil.
Esse foi o capital inicial e a carta de apresentação que os conduziu, em 2009, à célebre aceleradora Y Combinator, de Paul Graham. Foi Graham que transformou a dívida inicial no empreendimento no cartão de crédito, ainda que no início a ideia lhe parecesse "terrivelmente ruim".
- As pessoas realmente vão fazer isso? Eu não faria - duvidava o investidor.
Mas o negócio não ia mal. Na verdade, quando saiu da Y Combinator já era rentável, e a empresa de investimentos Sequoia Capital decidiu buscar um reforço de capital de US$ 600 mil. O projeto foi crescendo, ganhando adeptos, que colocavam suas propriedades para alugar. Então, a Sequoia Capital e a Greylock Partners fizeram outra rodada, dessa vez mirando em US$ 7,5 milhões, para ampliar o negócio a 8 mil cidades do mundo. O Airbnb está avaliado hoje em US$ 1,3 bilhão e oferece desde quartos e casas até ilhas particulares, passando por castelos, barcos e casas em árvores. O ator Ashton Kutcher se tornou sócio investidor e assessor estratégico em 2011. O modelo de receita? Cada transação fechada rende à empresa uma comissão de 15%.
Esforço que valeu a pena
O Airbnb foi incluído pela revista Fast Company na lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo em 2012, em 19º lugar, um marco que exigiu esforço. A empresa precisou ajudar os membros da comunidade a apresentar suas propriedades com boas imagens e, para isso, seu pessoal teve de viajar para as maiores bases, como Nova York e Austrália.
A decisão da equipe foi alugar uma câmera por US$ 5 mil e ir de imóvel em imóvel para tirar fotos. Deu certo. Depois de um mês, o faturamento duplicou. O resto talvez tenha vindo sozinho.
Hoje o Airbnb oferece a seus membros a possibilidade de ter serviços de fotografia gratuitos com mais de 2 mil profissionais independentes em seis continentes, seja em Paris, Londres, Vancouver, Miami ou São Paulo. E suporte ao cliente 24 horas.
Exemplo no Vale do Silício
Durante o último ano, a empresa somou unidades de alojamento. Somente em Nova York, há 35 mil propriedades disponíveis. No mundo, superam 300 mil, as mais baratas por US$ 100 por noite.
Hoje o Airbnb é um exemplo no Vale do Silício, pelo design aplicado à tecnologia, por sua capacidade de transformação dos mercados online e, muito importante, por sua perseverança.
Não que seja fácil. A resistência começa a aparecer. Em maio, a cidade de Nova York multou em US$ 2,4 mil um membro da comunidade por alugar sua casa a um estranho por três noites a um valor de US$ 315. As leis de hospedagem do Estado proíbem esse tipo de acordo. O setor hoteleiro e as associações de moradores começaram a fazer lobby para frear o negócio.
Uma base brasileira
O Airbnb abriu escritório em São Paulo em março de 2012 e viu o número de visitantes crescer mais de 570% no Brasil. Pessoas de 110 países hospedaram-se em casas e apartamentos em todo o território nacional. O site espera criar uma base para atender quem vem para a Copa do Mundo no próximo ano.
Os resultados locais ainda não foram divulgados em detalhe, mas a aposta parece estar dando certo em função da movimentação de visitantes. O escritório de São Paulo conta com cerca de 10 funcionários, sem considerar os fotógrafos freelancers. Foi criado com o objetivo de ampliar a oferta de espaços para sublocação, mas ele se justificaria por si, uma vez que a cidade é a segunda na procura por hospedagem na América Latina.
Fatos e números
Lançamento: agosto de 2008
Sede: San Francisco, EUA
Escritórios: San Francisco, Londres, Paris, Barcelona, São Paulo, Copenhague, Moscou, Hamburgo, Berlim, Milão e Cingapura
10 milhões de noites reservadas desde o lançamento do site
Mais de 300 mil alojamentos oferecidos em mais de 34 mil cidades de 192 países
848 milhões de conexões sociais geradas
Receita estimada em 2013: US$ 1 bilhão