A falta de dragagem no Rio Gravataí volta a ser motivo de chiadeira da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e de divergências com a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). No trecho de apenas 1,9 quilômetro no limite entre a Capital e Canoas, onde operam indústrias das áreas de petróleo, fertilizantes e material de construção, o calado em alguns pontos chega a ser de apenas três metros, sendo que o ideal seriam cinco metros, aponta o presidente da ABTP, Wilen Manteli.
Devido à profundidade limitada, há risco à navegação, e os navios que precisam chegar aos terminais das empresas não podem ter carga completa, o que significa perda de competitividade.
- Há mais de 12 anos tentamos com os diversos governos, mas as dragas começam a trabalhar e em seguida param e o trabalho se perde. Ou quebram, ou falta uma peça, ou não têm combustível - reclama.
Segundo Manteli, as empresas estão dispostas financiar a dragagem. Na outra ponta, a SPH alega que teria mais recursos para realizar a operação caso as companhias que usam o rio pagassem a chamada tarifa de acesso aquaviário. A autarquia afirma que, em todo o país, apenas em Porto Alegre não há o pagamento. A questão foi parar na Justiça. A ABTP rebate outra vez: afirma que esteve em dia com as taxas até 2006, como forma de contribuição para a dragagem, que acabou não saindo. Sem a contrapartida, parou o desembolso.
A SPH sustenta ainda que, devido às condições restritivas da licença ambiental, decidiu interromper a dragagem. Acrescenta que, para retirar apenas 30 mil metros cúbicos de sedimento, gastou R$ 1,8 milhão - recursos que dariam para remover um volume de sedimento quase de sete vezes maior. A autarquia diz não ter prazo para retomar a dragagem porque aguarda nova licença ambiental.