Você imagina quanto tempo um brasileiro leva para conseguir colocar um negócio em operação no mercado? Absurdos 119 dias, quase um terço do ano, ele leva atrás de documentos, licenças e tudo mais que a legislação prevê para canalizar seu espírito empreendedor. Não bastasse a má notícia, tem mais: a média dos demais países do G-20 não passa de 22 dias.
A culpa? A velha conhecida dos brasileiros - a burocracia. Uma nova pesquisa de empreendedorismo lançada pela EY (antiga Ernst & Young) lança novas luzes sobre velhos problemas que tanto atormentam quem pretende se aventurar pelo mundo dos negócios. Complexidade tributária, custo da mão de obra, dificuldade de acesso ao capital (juro alto e exigência de muitas garantias) estão no topo das dificuldades.
No estudo, ficam evidentes outros obstáculos. Aqui, são exigidas 2,6 mil horas para se colocar a escrita fiscal em dia, sete vezes mais do que a média do grupo de nações avaliadas. E os gargalos só aumentam, claro que nesse caso analisando planos de investimentos das empresas em geral e não apenas das que chegam ao mercado: infraestrutura e qualificação profissional precárias podem ser acrescidas ao rol de problemas, lembra o CEO para o Brasil e América do Sul da EY, Jorge Luiz Menegassi:
- Mesmo com essas dificuldades, constatamos aumento expressivo do empreendedorismo em algumas regiões, como o Nordeste. E, em relação às empresas já no mercado, busca por mais transparência, inovação, eficiência e boas práticas de governança.
Com 4,7 mil clientes no Brasil, atendidos por mais de 5 mil profissionais em seus 12 escritórios, a companhia atua em quatro áreas: auditoria, consultoria, tributária e de transações (compra e venda de empresas). O fato de a ação de multinacionais de auditoria ter sido colocada em xeque no auge da crise internacional por não ter previsto o tamanho dos problemas envolvendo as empresas provocou mudanças mais amplas no segmento.
Mas não só nessas companhias, diz o executivo, pois chegou também às próprias empresas e seus sistemas de governança e aos órgãos reguladores. Hoje, porém, há mais controle e normas claras na ação de auditores.