Uma investigação publicada nesta quinta-feira pelo The Guardian e por outros meios de comunicação internacionais revela as identidades de uma série de personalidades com interesses em paraísos fiscais, entre eles o presidente do Azerbaijão, uma pessoa próxima do presidente francês François Hollande e a baronesa espanhola Carmen Thyssen.
A investigação, dirigida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), com sede em Washington, é resultado de 15 meses de análises minuciosas de dois milhões de e-mails e de outros documentos, principalmente das Ilhas Virgens Britânicas, que incluíam detalhes de "mais de 122.000 companhias em paraísos fiscais", segundo o jornal britânico.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e sua família figuram entre os nomes mais conhecidos, embora o The Guardian afirme claramente que a inclusão na lista não significa que tenham "agido ilegalmente", mas que tenham utilizado uma jurisdição que lhes oferece segredo.
Segundo o jornal, três companhias foram criadas em 2008 em nome das duas filhas de Aliyev, Arzu e Leyka, nas quais aparece como diretor um rico executivo, Hassan Gozal, cuja construtora obteve importantes contratos no Azerbaijão. Uma quarta empresa, criada em 2003, tem como proprietários o presidente e sua esposa.
O tesoureiro da campanha eleitoral de Hollande em 2012 também é, segundo esta investigação, acionista de duas empresas nas Ilhas Cayman, uma revelação que pode enfraquecer ainda mais o presidente francês, afetado pela acusação de seu ex-ministro do Orçamento Jerôme Cahuzac por fraude fiscal.
A baronesa espanhola Carmen Thyssen-Bornemisza, conhecida colecionadora, "utilizou canais offshore para comprar obras de arte - incluindo o "Moinho de água em Gennep de Van Gogh - das (casas de leilão) Sotheby's e Christie's em Londres", ainda segundo o jornal.
O jornal informa que seu advogado "reconheceu benefícios fiscais por possuir arte em paraísos fiscais, mas insistiu que (a baronesa) buscava principalmente a flexibilidade máxima para mover obras de arte de um país a outro".
Outros nomes que aparecem nesta investigação são o da filha do ex-presidente filipino Ferdinand Marcos, Maria Imelda Marcos Manotoc, do ex-ministro das Finanças da Mongólia, Bayarsogt Sangajav, da esposa do primeiro vice-primeiro-ministro russo, Olga Shuvalova, e da americana Denise Rich, cujo marido Marc Rich foi perdoado pelo ex-presidente Bill Clinton por uma condenação por evasão fiscal.
Uma rede de jornalistas de 36 meios de comunicação de todo o mundo teve acesso a um disco rígido de 260 gigabytes com vazamentos de duas empresas que oferecem serviços em paraísos fiscais, uma de Cingapura e outra das Ilhas Virgens Britânicas.