Estado de vocação exportadora, o Rio Grande do Sul amarga dois trimestres consecutivos de balança comercial negativa. Entre janeiro e março, as importações chegaram a US$ 3,6 bilhões e superaram os embarques em US$ 113,9 milhões.
Os dados da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) indicam que, em seis meses, o déficit gaúcho soma US$ 874,5 milhões. Para o presidente da entidade, Heitor José Müller, o quadro é resultado de uma política equivocada de incentivo à economia.
-Caso a aposta de crescimento do Brasil continuar sendo apenas pelo consumo, esquecendo a produção e os investimentos, o déficit comercial deixará de ser um fato esporádico para começar a se tornar algo estrutural na nossa economia. O resultado deste trimestre revela que já são, pelo menos, seis meses no agregado em que o Rio Grande do Sul recebe mais bens do que envia para o Exterior - reclama Müller.
O desempenho no trimestre foi influenciado pela queda de 7,2% das exportações, que somaram US$ 3,5 bilhões, enquanto as importações subiram 35%. A alta das compras externas foi puxada por autopeças, com um crescimento de 102%, combustíveis e lubrificantes, com acréscimo de 88,1%, e bens da capital, que registram importações 48% maiores em comparação com o mesmo período do ano passado.
No caso das exportações, houve queda em 12 dos 25 segmentos industriais analisados. Entre os principais, máquinas e equipamentos (-44,2%), produtos alimentícios (-24,3%), tabaco (-21,1%) e químicos (-6,7%).