Um "acordo de princípios" sobre o plano de socorro financeiro ao Chipre foi alcançado neste domingo entre o presidente cipriota, Nicos Anastasiadis, e os dirigentes europeus, e agora deverá ser negociado na reunião do Eurogrupo, disse uma fonte europeia em Bruxelas. "Os esforços deram frutos", assinalou Anastasiadis em sua conta no Twitter, confirmando a informação da fonte europeia. O acordo será debatido agora pelos ministros das Finanças da zona do euro, destacou a fonte europeia, que pediu para não ser identificada.
Segundo outra fonte, o acordo prevê que o Banco de Chipre, o primeiro estabelecimento financeiro do país, será salvo, mas os depósitos acima de 100 mil euros sofrerão perdas em torno de 40%. Já o Banco Laiki será fechado, com garantia para os pequenos correntistas, mas perda parcial para os depósitos acima dos 100 mil euros. A ideia de uma taxa sobre todos os depósitos bancários - de qualquer valor - prevista no plano inicial foi descartada, segundo a mesma fonte.
Anastasiadis manteve neste domingo uma exaustiva negociação com seus sócios europeus sobre um novo plano de socorro financeiro à Ilha, horas antes do vencimento do prazo dado pelo Banco Central Europeu (BCE) para se evitar o default (calote) e a saída de Nicósia da zona do euro. O encontro envolveu reuniões em Bruxelas com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, o líder da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e os dirigentes de FMI, Christine Lagarde, BCE, Mario Draghi, e Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
- Estamos dispostos a encontrar uma solução e vamos fazer o possível para evitar passar todos os domingos aqui em Bruxelas - disse o ministro alemão, Wolfgang Schauble, antes do anúncio de Anastasiadis.
Segundo a TV cipriota, Anastasiadis advertiu a troica (UE, FMI e BCE) em Bruxelas que as contrapartidas exigidas no plano de socorro à Ilha poderiam forçar sua demissão.
- Vocês querem forçar minha demissão? Se é isto que vocês querem, digam logo. Apresentei uma proposta e vocês não aceitaram, fiz outra proposta e foi a mesma coisa. O que vocês querem que eu faça?! - desafiou Anastasiadis, que se manteve em contato com o presidente do Parlamento, Yiannakis Omirou, chefe do partido socialista Edek.
Chipre precisa arrecadar 7 bilhões de euros (mais de um terço de seu PIB) em troca de um resgate de 10 bilhões de euros concedido pela União Europeia e pelo FMI. A ideia inicial de taxar todos os depósitos bancários, inclusive os inferiores a cem mil euros que estavam assegurados, revoltou a opinião pública e o Parlamento a rejeitou, o que mergulhou os dirigentes numa corrida contra o relógio em busca de alternativas. Na ilha, onde os bancos estão fechados há uma semana, a situação leva pânico à população, que teme por seus depósitos e fundos de pensão.
- Se não nossos fundos de pensão não tiverem garantias, vamos começar uma greve a partir de terça-feira, quando os bancos reabrirem - ameaçou Loizos Hadgicostis, presidente da União Cipriota dos Bancários (Etyk).
Sem um acordo antes de segunda-feira, segundo fontes europeias, os países da zona euro estão dispostos a assumir que o Chipre deixe o bloco para evitar um contágio na Grécia, na Espanha e na Itália, os países mais afetados pela crise que atingiu a região.