Setor mais debilitado da economia brasileira, a indústria conhecerá nesta terça-feira os detalhes do pacote que o governo federal lançará para compensar as dificuldades impostas pelo câmbio e pelos altos custos de produção. O conjunto de medidas, que inclui corte de impostos e financiamentos mais baratos, será anunciado às 10h pela presidente Dilma Rousseff e é aguardado com expectativa pelos empresários gaúchos.
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O efeito em oito setores da economia gaúcha
Uma das estratégias para debelar a crise será recuperar a força original do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), criado em 2009 exatamente para a indústria brasileira de máquinas e equipamentos contornar os reflexos da turbulência global no país.
Juros serão reduzidos e prazos de pagamento, ampliados, o que significa a chance de reaquecer as vendas de segmentos de peso da indústria gaúcha, como de carrocerias de ônibus, tratores e implementos rodoviários. Apenas o PSI pode ter R$ 30 bilhões a mais disponíveis para empréstimos, se houver demanda.
Além de incentivar investimentos, o governo promete cortar impostos. A expectativa é de que custos menores obtidos com o alívio tributário na folha de pagamento melhorem as condições de competição.
Setores tradicionais, como os de móveis, autopeças e plásticos, deixarão de pagar ao INSS valor equivalente a 20% sobre os salários. Em troca, recolherão 1% em relação ao faturamento no Brasil - e nada sobre as vendas ao Exterior.
- Essa medida vai beneficiar principalmente pequenas e médias empresas que utilizam muita mão de obra e exportam - reforça Ivo Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs).
Juro do PSI pode voltar para 4,5%
Na indústria de máquinas agrícolas, área em que o Estado responde por mais de 60% da produção nacional, a expectativa é de que o juro do PSI retorne a cerca de 4,5% ao ano. Seria um empurrão, depois de a seca ter reduzido o ânimo de investir dos produtores, avalia Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul.
As indústrias de carrocerias de ônibus do Estado, de onde sai mais da metade da produção brasileira, esperam que o crédito mais barato compense uma dificuldade extra. Desde janeiro, os veículos são montados com motor menos poluente que deixa a produção até 20% mais cara.
Detalhes de última hora
Embora em discussão há semanas, com participação dos setores diretamente beneficiados, os últimos detalhes estavam em definição até o início da noite de segunda-feira, entre os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e a presidente.
Marcado para o Palácio do Planalto, o anúncio do pacote deve ser testemunhado por uma plateia de cerca de 400 pessoas, em sua maioria empresários do setor industrial, principal foco das medidas de estímulo. São representantes de 20 setores, além de sindicalistas.
Há grande expectativa sobre o alcance das novidades - se serão mais ou menos ousadas, com grande torcida pela primeira hipótese. A meta anunciada pela própria Dilma ainda na Índia, na semana passada, é arrojada: elevar o peso do investimento de 19% do PIB para 24% do PIB.
Na segunda-feira, um segmento até então não contemplado nas negociações foi incluído no pacote. Investimentos para a construção de redes de comunicação terão redução de impostos.
O alívio previsto alcança soma de R$ 6 bilhões nos próximos cinco anos, e o governo exigirá contrapartida das empresas que se beneficiarem do incentivo fiscal. Para ter direito à desoneração, as empresas terão de construir redes em áreas menos desenvolvidas, conforme critérios do Ministério das Comunicações. O governo também exigirá conteúdo nacional nos investimentos.
Novo pacote
Governo federal aposta na facilitação do crédito e corte de impostos para indústria engrenar
Presidente Dilma Rousseff anuncia nesta terça-feira medidas para reverter dificuldades no câmbio e nos custos de produção
Caio Cigana
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