Na terra da cuca com linguiça, o bolo de coco é o trunfo de hospitalidade de Bernardete Lammel, 65 anos. Em Victor Graeff, no norte do Estado, a aposentada hospedará pela primeira vez visitantes estrangeiros da Expodireto Cotrijal. Com hotéis lotados, as casas de família são alternativa acolhedora e segura à espera de bons negócios.
A semana foi de preparativos para Bernardete: arrumar a casa, trocar a roupa de cama e caprichar na higiene. Com três quartos, ela espera acolher sete visitantes. Até sexta-feira, ainda não sabia de quais países viriam. O idioma preocupa, mas a aposentada não se assusta. Fala alemão, mas se precisar, recorrerá a tradutores.
Enquanto os visitantes estiverem na feira, caberá à Bernardete limpar e organizar a casa. Se precisar, promete lavar e passar roupa.
- A ansiedade é grande para atendê-los bem. Até sobremesa eu vou fazer - conta a aposentada, que já alugou a casa para brasileiros em outras edições.
Para quem mora nos arredores de Não-Me-Toque, palco da feira, a recepção aos estrangeiros é uma safra. O aluguel varia conforme o tamanho da casa: de R$ 2 mil a R$ 5 mil por cinco dias. Aos visitantes, a curta estadia diminui a distância até o parque, onde a rotina é desgastante, e oferece um intercâmbio cultural como brinde.
É o que projeta Simone Lammel, 35 anos. Filha de Bernardete, a estudante procura famílias dispostas a receber visitantes. Mas não basta disposição em transformar a casa em hotel, afirma. Também é preciso estrutura. As maiores exigências são mais de um banheiro e quartos com camas macias e confortáveis.
- Alugamos cerca de 20 casas, pois faltam vagas em hotéis a até 250 quilômetros de Não-Me-Toque - informa Evaldo da Silva Júnior, coordenador da área internacional da feira.
Vale tudo para agradar os 90 compradores estrangeiros de regiões como África, Oriente Médio e Leste Europeu. Nesta edição, aliás, a área internacional será o principal destaque. O espaço terá 650 metros quadrados, o triplo do ano passado. Serão cinco dias de rodadas de negócios, intercâmbio de tecnologias e reuniões para alinhavar parcerias.
A procura intensa também abriu caminho para a estreia de Marlene Lourdes Pereira, 50 anos. Ela hospedará estrangeiros na cidade vizinha Tapera. As filhas de 12 e 16 anos até resistiram à ideia, mas cederam à vontade da mãe. Nervosa com a oportunidade, pretende caprichar no atendimento e decoração de olho em 2013:
- Vou usar flores naturais e algo das cores do Brasil na recepção. Afinal, tem de agradar para voltarem.
Intercâmbio
Famílias da região de Não-Me-Toque são alternativa de hospedagem para estrangeiros da Expodireto
São esperados para a exposição 90 compradores estrangeiros de regiões como África, Oriente Médio e Leste Europeu
Leandro Becker
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