Autoridades americanas anunciaram nesta terça-feira a detenção e indiciamento de 'hackers' do Anonymous e de grupos associados a ele, entre os quais um acusado de roubo de dados confidenciais da firma privada de inteligência Stratfor, recentemente difundidos pelo Wikileaks.
"Cinco hackers nos Estados Unidos e no exterior foram indiciados hoje e um sexto se declarou culpado de pirataria e outros crimes", informou a promotoria federal do distrito sul de Manhattan em um comunicado, após esta operação internacional que abarcou Reino Unido e Irlanda.
"Os seis hackers se identificaram como alinhados ao grupo Anonymous e/ou a grupos vinculados ao Anonymous, incluindo 'Internet Feds','LulzSec' e 'AntiSec'", acrescentou o texto, em alusão a este movimento de inspiração anarquista e anticapitalista.
Os acusados são dois irlandeses, dois britânicos e dois americanos, segundo as atas de indiciamento divulgadas pelo promotor Preet Bharara. Quatro deles são considerados "membros principais" do "Anonymous" e "LulzSec" e são acusados, entre outros delitos, de ataques informáticos contra Visa, Mastercard e o canal Fox.
O único acusado que se disse culpado, segundo a promotoria americana, é Héctor Xavier Monsegur, líder de Lulz Security e conhecido na internet com o apelido de "Sabu", detido em junho e que cooperou com as autoridades, segundo a mesma fonte. Lulz Security, ou LulzSec, assumiu a responsabilidade nos últimos anos de ataques contra sites na internet da CIA (agência central de inteligência americana), o Senado e a Sony, entre outros. Monsegur, de 28 anos, originário de Nova York, enfrenta uma pena máxima de 124 anos de prisão pelas 12 acusações em que foi declarado culpado.
A promotoria afirmou ainda que outro dos indiciados, identificado como Jeremy Hammond, de 27 anos, detido na noite de segunda-feira em Chicago (norte dos EUA), está vinculado ao roubo, em dezembro passado, de dados confidenciais da firma privada de inteligência americana Stratfor.
"Hammond e seus companheiros, assim como membros da AntiSec, roubaram informação confidencial destes sistemas de computação, inclusive e-mails de funcionários da Stratfor, bem como informação da conta de 860.000 clientes da Stratfor", destacou.
Em 27 de fevereiro, o site de divulgação de arquivos secretos na internet WikiLeaks começou a publicar dezenas de e-mails confidenciais da Stratfor de um total de cinco milhões de mensagens da companhia, que teria obtido graças ao Anonymous.
Segundo o Wikileaks, as mensagens eletrônicas, com data de julho de 2004 e dezembro de 2011, revelarão o uso pela Stratfor de "redes de informantes, estruturas de suborno, técnicas de lavagem de dinheiro e (emprego) de métodos psicológicos".
O Wikileaks desencadeou, em 2010, uma crise na diplomacia mundial com a publicação de dezenas de milhares de despachos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado americano.
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, está detido no Reino Unido à espera do desenlace de sua batalha legal contra uma extradição para a Suécia, país que o reclama para interrogá-lo sobre quatro supostos crimes de agressão sexual, inclusive um estupro.