As restrições da Rússia à importação da carne brasileira atingem 85 frigoríficos brasileiros. O veto é por Estado e impacta o Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná. Somente no RS, há 35 frigoríficos de 25 municípios com vendas embargadas.
Alguns dos frigoríficos atingidos pelas retrições acreditam que não terão confições de manter a produção e podem até suspender contrações. Confira como foi a reação dos frigoríficos à medida:
FRIGORÍFICO CASTILHENSE (Júlio de Castilhos)
De acordo com Maria do Carmo Lorenci, advogada da Cooperativa Castilhense, que arrenda o frigorífico para a CAS Agroindustrial de Alimentos, que administra o abatedouro, o frigorífico não deve sentir os efeitos da proibição imediatamante, pois por enquanto só atende ao mercado interno. A expectativa é, em 10 dias, passar por uma inspeção do Ministério da Agricultura que autorize as exportações. Porém, as contratações planejadas para atender ao mercado externo só irão ocorrer caso o impasse com a Rússia seja resolvido.
FRIGORÍFICO SILVA (Santa Maria)
Diretor comercial do Frigorífico Silva, Gabriel da Silva Moraes afirma que com o embargo russo, o abatedouro não terá como manter a produção e deve reduzir os abates diários a partir da próxima semana, assim como suspender a contratação de 150 funcionários que estava prevista para breve. Segundo Moraes, é possível que acabe ocorrendo um aumento dos preços dos cortes de segunda, com osso, que são os mais exportados à Rússia e tinham compensação pelos créditos, ou até uma alta nos valores dos cortes nobres, pois, devido à redução dos abates, haverá menos oferta de carnes de primeira.
BRASIL FOODS (Unidades de Marau, Serafina Corrêa, Lajeado - incluindo a Avipal, Teutônia, São Sebastião do Caí)
Até às 19h30min de quinta-feira não havia se manifestado.
AURORA (Cooperativa Central Oeste Catarinense), Sarandi
Segundo a Assessoria de Imprensa, a unidade em Sarandi exportava, em média, 5 mil toneladas por mês para a Rússia. Com o fechamento do mercado naquele país, a produção será direcionada ao mercado interno, mas a empresa também buscará outros mercados em nível internacional. Conforme a Assessoria de Imprensa, o grupo Aurora fatura, ao todo, R$ 3,1 bilhões anualmente. Do total produzido, 85% é direcionado ao mercado interno e 15% ao externo. A exportação de suínos para a Rússia representa 2% dos negócios. A indústria também avalia e busca novos mercados em países como Malásia, Indonésia e Coréia do Sul.
DOUX FRANGOSUL (unidades de Caxias do Sul, Passo Fundo, Montenegro, Caxias do Sul)
Em nota, a Doux Frangosul disse que espera uma pronta reação das autoridades anitárias brasileiras para a reversão do quadro. Pela nota, a empresa segue as normas estabelecidas pelos órgãos reguladores e esclarece também que já desenvolveu mercados alternativos para exportação de seus produtos.
MINUANO (Unidade em Passo Fundo)
A Minuano não exporta nenhum produto para a Rússia.
MARFRIG (unidades de Capão do Leão, Alegrete, Frederico Westphalen - Mabella/Marfrig, Caxias do Sul - Penasul)
Em nota, o frigorífico esclareceu que as exportações para a Rússia serão atendidas través de suas unidades localizadas em outros estados que não estão restritos, não impactando os volumes vendidos para o país. A companhia informa que, no primeiro trimestre de 2001, as exportações do grupo para o mercado russo representaram 10,7% do total de exportações da Marfrig, o que corresponde a 4,7% da receita consolidada da empresa. Em relação ao segmento de aves, suínos e industrializados, a exportação também poderá ser realocada a partir de outras plantas, sendo que a produção das plantas afetadas será redirecionada a outros mercados bem como o mercado doméstico.
SADIA, Três Passos
Por meio da assessoria de imprensa, a Sadia optou por não se manifestar sobre o assunto. Nota oficial sobre a questão será repassada à imprensa no momento oportuno.
COTRIJUI, São Luiz Gonzaga
Diretor secretário da Cotrijui, Osmildo Pedro Bieleski, informa que a empresa já trabalha junto com o Ministério da Agricultura para reverter a situação. Segundo ele, apesar do fato não agradar, circunstância semelhante já ocorreu no passado e foi superada.
ALIBEN (unidades de Santa Rosa e Santo Ângelo)
Procurado pela ZH, o diretor administrativo do grupo Alibem, Juscelino Gonçalves, optou por não se manifestar sobre o assunto, pois a empresa segue em reuniões para interpretar a decisão e avaliar as providências que podem ser tomadas.
AGROSUL AGROAVICOLA INDUSTRIAL S/A, São Sebastião do Caí
O diretor-presidente da empresa e também presidente da Associação Gaúcha de Avicultura, Nestor Freiberger, recebe a notícia com muita indignação. Segundo ele, este não seria um problema sanitário, mas um problema burocrático entre os governos brasileiro e russo. "O problema é o significado dessa atitude que nos deixa indignados porque o status sanitário do país é reconhecido mundialmente, exportamos para mais de cem países, para a Europa que é um mercado muito exigente. As barreiras são literalmente comerciais, vestidas de sanitárias, mas burocráticas e comerciais. Nossa exportação é competitiva, de excelente qualidade e deve ter gerado problemas para os produtores de lá. Se fosse um problema sanitário a restrição seria imediata, não marcado para daqui a 15 dias. O problema é burocrático." A Agrosul exporta para 20 países e a Rússia significa 0,2% dessa produção.
ALISUL ALIMENTOS S.A., São Leopoldo
A direção da empresa precisará se reunir para avaliar o caso. A empresa fabricante de ração acredita ter sofrido o corte por conta da farinha de carne usada na produção.
HERCOSUL ALIMENTOS LTDA, Ivoti
A empresa já não exporta mais para a Rússia, mas destaca que outros países também não aceitam o produto derivado de carne vermelha então a receita é modificada e formulada para se adequar às exigências deles. A empresa já sofreu restrições também de outros países da Europa e EUA e destaca que cada lugar tem as suas regras e a Rússia não é o primeiro a vetar a carne.
AGROSUL AGROAVICOLA INDUSTRIAL S/A, Caxias do Sul
Não foi encontrado contato em Caxias. Na unidade de Porto Alegre, informara que não existe nenhuma unidade em Caxias. De qualquer forma, ressaltaram que não fazem exportação e que na realidade vendem medicamentos veterinários.
FRIGORIFICO MABELLA LTDA, Caxias do Sul
Não exportam para a Rússia. Somente para a Europa.
FRINAL, Garibaldi
Diretor da Frinal, Luiz Fernando Ross, frigorífico de Garibaldi, acredita que o embargo é provisório e ocorreu para que o governo coloque em dia algumas informações. Segundo ele, "trata-se de uma restrição comercial e política, mas temos que esperar. A Rússia faz isso com frequência e ultimamente sua representatividade já vem diminuindo". As exportações da Frinal são principalmente para países árabes e Japão, muito pouco para a Rússia. Ele não acredita que o embargo irá acarretar em demissões no setor ou em diminução no preço da carne de frango no país.
FRIGORÍFICO NICOLINI, Garibaldi
A direção do Frigorífico Nicolini preferiu não se pronunciar.
NUTRIRE IND. DE ALIMENTOS LTDA, Garibaldi
A Nutrire trabalha apenas com rações de gato e cachorro, falei com Rita, da direção.
PENASUL ALIMENTOS LTDA, Roca Sales
A assessoria de imprensa da empresa informou que a Penasul acredita que o impacto será praticamente nulo porque seu principal mercado de exportação não é a Rússia.
COOPERATIVA DOS SUINOCULTORES DE ENCANTADO (COSUEL), Encantado
Segundo o diretor-presidente da Cosuel, Gilberto Piccinini, a Rússia sempre foi o principal mercado de exportação. A Cosuel pretende agora investir no mercado interno e buscar abertura de mercado em outros países com volumes menores. - Mas claro que esperamos que esse embargo seja resolvido o mais breve possível porque sem dúvida a Rússia sempre foi um mercado muito importante - afirma.
LANGUIRU, Westfália
Conforme o presidente da Cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, o foco principal da empresa são os Emirados Árabes, outros países da Ásia e da África. - Mas, indiretamente, todas as empresas do país são atingidas pelo embargo, porque essa carne fica competindo internamente - explica Bayer.
COMPANHIA MINUANO DE ALIMENTOS, Lajeado
Procurada pela reportagem, a diretoria não foi localizada.
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Frigoríficos gaúchos lamentam embargo russo
Restrições à importação da carne brasileira atingem 85 unidades brasileiras
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