O jornalista e cineasta Arnaldo Jabor falou diante de um salão superlotado na noite de segunda-feira na Semana ARP de Comunicação 2010, que se estende até quinta-feira. Durante quase 80 minutos, Jabor desfilou ironia precisa sobre os temas mais atuais do país - entre eles, claro, os desafios para a nossa modernização. E provocou risadas na plateia.
- Cá entre nós, achei melhor a Dilma ter ganhado (a eleição). O Serra, e eu votei nele, é neurótico e arrogante, além de autoritário. Mas se alguém contar que eu disse isso aqui eu nego - disparou.
Jabor misturou política e economia para falar dos dilemas brasileiros. O cineasta, entretanto, disse que o Brasil vive um momento especial.
- A resistência do atraso brasileiro é impressionante. Mas agora acredito que está perdendo terreno, já que o mundo está em outro ritmo. A modernização é uma humilde e respeitosa oportunidade ao mistério da mudança - definiu.
Sentado, sem mediação, Jabor quebrou o protocolo da solenidade de abertura da Semana da Propaganda logo no início, ao pedir para acender as luzes da plateia. Sobre economia, Jabor mostrou preocupação com a transição entre os governos Lula e Dilma. Segundo o palestrante, o atual presidente vai deixar uma dívida de R$ 160 bilhões, um baixo nível de investimentos públicos e um processo inflacionário em alta, devido à falta de reformas como da Previdência e tributária. Mas passou longe de uma visão pessimista ou apocalíptica.
- Esse país engessado por quatro séculos de patrimonialismo está acabando. Se essa fome de República se concretizar, aí sim podemos decolar - avaliou.
Jabor exaltou as mudanças tecnológicas atuais e disse que a revolução digital é mais importante, em termos históricos, do que a própria Renascença - período que sucedeu a Idade Média.
- Tenho vontade de me ajoelhar e rezar a São Google. Descobri um monte de coisa sobre mim que eu não sabia- ironizou.
Frasista célebre, o cineasta terminou com uma provocação:
- A mensagem que tenho a dar é...sei lá. Sei lá significa não ter certezas. Ser criativo é não ter certezas.
Notícia
"Ser criativo é não ter certezas", diz Jabor na solenidade de abertura da Semana ARP
Revolução digital é mais importante do que a Renascença, defendeu o cineasta
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