Há quase dois anos, Roberto Colnaghi Júnior tomou uma decisão que poderia se considerada pouco sensata por alguns. Formado em Ciência da Computação, decidiu deixar o emprego em uma multinacional da área de tecnologia para ir ao Canadá trabalhar em um mercado que ainda engatinhava: o de criação de aplicativos (programas que realizam tarefas específicas, como um jogo ou o acesso a um determinado serviço) para smartphones.
O gaúcho de 32 anos participou do início da ebulição de um novo tipo de negócio, mas que já envolve muito dinheiro. Conforme a consultoria Gartner, US$ 6,7 bilhões serão movimentados neste ano no segmento. O valor é 59% superior ao de 2009 e deverá seguir crescendo - a expectativa é de que chegue a US$ 29,47 bilhões em três anos.
Acreditando no potencial desse mercado também no Brasil, Colnaghi retornou a Porto Alegre e abriu em março passado a Touché Mobile, empresa de desenvolvimento de aplicativos para iPhone e para um produto ainda mais recente, o iPad, computador em formato da prancheta lançado pela Apple no começo do ano.
A aposta na vanguarda deu certo. O gaúcho logo conseguiu um contrato com a Rede Globo, que buscava desenvolvedores de aplicativos para a novíssima plataforma. Colnaghi teve a missão de criar um aplicativo para o programa Central da Copa, que entre outros atrativos, trazia vídeos e informações sobre as seleções. Durante a Copa, a ferramenta chegou a registrar picos de 4 mil downloads diários na App Store, a loja virtual de aplicativos da Apple. Como consequência, Colnaghi conseguiu novos contratos para criar programas para as novelas Ti-ti-ti e Passione.
- É um mercado interessante e que vai crescer no Brasil - diz Colnaghi.
Analista de telecomunicações da consultoria IDC, Paulo Bruder endossa a perspectiva de crescimento. Mas pondera que não será tão acelerado no Brasil quanto no Exterior, porque os smartphones ainda são caros no país. Mesmo assim, a expansão é significativa.
Maior loja de aplicativos, a App Store soma cerca de 300 mil programas disponíveis. Para conquistar espaço em meio a tanta oferta, desenvolvedores oferecem uma versão gratuita do programa para o consumidor se familiarizar. Depois, lançam uma opção paga, com mais recursos, afirma Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
Essa foi a estratégia adotada pelo desenvolvedor gaúcho Felipe Kellermann, 27 anos, criador do Food Brasil, programa para localização de restaurantes com GPS. O produto chegou a ter 70 mil downloads na versão gratuita. O modo pago, lançado depois, já conta com 1,5 mil usuários.
- Não me arrependo de ter trocado de emprego - garante Kellermann, que deixou uma grande empresa de tecnologia para montar a Nyvra Software há um ano e meio.
Mas nem tudo é facilidade. Leo Xavier, sócio e diretor da Pontomobi, empresa de mobile marketing, ressalta que os desenvolvedores precisam divulgar seus produtos em sites e blogs especializados e em outros aplicativos. Caso contrário, o consumidor nem vai saber que o programa existe, por mais brilhante e inovador que seja.
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