O conteúdo - e não as plataformas - é o alicerce que sustenta a criação e propagação de narrativas transmídia, defendeu o publicitário Maurício Mota em sua palestra "Narrativa transmídia: o poder das histórias na era da convergência", dentro do RBS Debates. O evento reuniu estudantes e profissionais da comunicação no Centro de Eventos da PUCRS na noite de terça-feira.
Entre a palestra e o debate com o jornalista André Pase e o publicitário Mauro Dorfman, mediado pela gerente de produção da RBS TV e TVCOM, Alice Urbim, foram mais de duas horas e meia de investigação sobre o que funciona e o que não funciona na criação de histórias com ramificações em diferentes meios de comunicação.
- Quem manda é o conteúdo, a narrativa. Tem projetos que são transmedia [transmídia], mas não são storytelling [contação de histórias] - argumentou Mota, chief storytelling officer da empresa The Alchemist.
A companhia, referência no assunto, auxilia empresas e instituiçoes a criar e propagar histórias por meio de diferentes plataformas. O objetivo é atrair clientes e espectadores para marcas ou produtos jornalísticos e de entretenimento.
Além de mostrar cases de sucesso, como o site criado para promover o relançamento da série Melrose Place, Mota destrinchou os três aspectos fundamentais para criar uma boa história com recursos de mídia complementares: compor uma narrativa consistente e coerente com as plataformas estipuladas, deixar que as plataformas entreguem os aspectos que oferecem de melhor e harmonizar os elementos de modo que cada um deles trabalhe de forma separada mas contribua para a experiência narrativa maior.
- Não dá para criar histórias paralelas que atrapalham a história principal - destacou.
Mota também fez a plateia rir ao traçar um paralelo entre Sherazade e a era da convergência:
- As mil e uma noites foi o primeiro texto em hyperlink do mundo.
Segundo explicou o publicitário, ao contar histórias que contêm elos para outras histórias, a personagem fisga tanto o seu interlocutor quanto o leitor. E com os recursos de mídia à disposição atualmente, é possível multiplicar o que Sherazade conseguia apenas usando o dom da palavra.
- Estamos na época da plenitude narrativa. Hoje uma história pode ser contada como nunca pode antes.
Para o publicitário, a aposta em narrativas transmídia exige um investimento em "risco e desapego" (uma brincadeira com as siglas R & D - Research & Development, ou Pesquisa & Desenvolvimento em inglês).
- Até que ponto você está disposto a se desapegar da sua história e deixá-la se propagar? - provocou Mota.
Confira a íntegra da cobertura do RBS Debates:
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"Quem manda é o conteúdo", defende especialista em narrativas transmídia
Publicitário Maurício Mota falou sobre o poder das histórias na era da convergência
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