Há 12 anos, os mais de 630 quilômetros de distância entre a Fronteira Oeste e a Região Metropolitana não são empecilho para um criador de ovinos de Uruguaiana, pelo menos quando se trata da presença na Expointer, que começa neste sábado (26), em Esteio. Isso porque, durante todo esse tempo, Sérgio Luiz de Oliveira, 62 anos, é o primeiro criador a entrar com seus animais no Parque de Exposição Assis Brasil na largada do evento.
— Minha principal motivação é essa exposição que a gente ganha. Chama muita atenção, o pessoal da imprensa vem falar com a gente. Eu saio alguns dias antes, sempre. Nessa semana, como era pra entrar na segunda (21) de manhã, no domingo (20) eu já estava "acampado" aqui na frente — afirma o criador, que frequenta a feira há 16 anos.
Oliveira administra a Cabanha Oliveira, que cria ovinos da raça texel. Neste ano, ele adentrou o portão 8 do parque junto de seus três cordeiros: dois machos e uma fêmea.
— Minha maior preocupação é o bem-estar dos animais durante todo esse deslocamento. Manter eles confortáveis, não deixar eles se estressarem. A gente tem que ter um cuidado como se fosse um filho nosso — ressalta.
Vindo da região de Imbaá, Oliveira era eletricista e tinha a pecuária apenas como hobby. Porém, a partir de contatos e parcerias com outros criadores, passou a se especializar na área, que logo virou sua função principal.
Entre as amizades que cultivou pelo caminho, a principal foi com o criador Paulo Arocha, de outra cabanha. Juntos, eles costumavam atravessar o Estado rumo à Expointer, anualmente. Arocha faleceu no ano passado, cerca de dois meses antes do evento.
— Eu cheguei a pensar em desistir. Ele era um grande amigo. Era a vida dele isso aqui, e ele me ensinou muito — relembra.
Mesmo assim, com uma mistura de orgulho e saudade, ele finaliza com um discurso sereno:
— Seguir vindo aqui é o que ele gostaria que eu fizesse.