Atualmente, 30% das posições de comando já são ocupadas por mulheres no campo, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA). No Dia Internacional da Mulher, o primeiro Campo em Debate desta quarta-feira (8) convidou três protagonistas do ramo de máquinas agrícolas para contarem como chegaram onde estão.
Na indústria, a engenheira de manufatura da AGCO Ibirubá, Marina Maletzke, foi contratada para construir a nova versão da plantadeira Momentum. Ela foi responsável pelo processo de fabricação e pela alteração do layout.
— A gente já começa o desafio quando entra na engenharia mecânica. A gente entra em um ambiente com menos gurias. E, quando vai trabalhar, também encontra um ambiente muito masculino — descreve Marina, sobre um cenário comum a boa parte das mulheres que atuam no setor.
E, já na empresa, nem tudo foi fácil, continua a engenheira:
— Eu aprendi que o que faz criarem respeito é quando você coloca a mão na massa. Quando você para do lado do soldador, por exemplo, e explica para ele, tecnicamente, por que vai dar certo ou errado tal coisa. E aí, quando você explica para ele (e ele não aceita), pede para fazer o errado para depois mostrar o que é o certo.
No âmbito da concessionária, a gerente corporativa de serviços da Pippi Máquinas, Juscieli Lazarotto, que responde por três lojas no Rio Grande do Sul e outra em Santa Catarina, teve vivência parecida:
— É bem desafiador. O meu público, na maior parte, foi masculino. Quando entrei, há 20 anos, eu ia nas convenções e nós éramos quatro mulheres no meio de 300 homens.
Hoje, na sua avaliação, a mulher vem conquistando o seu espaço.
— A primeira impressão, tanto para o meu cliente quanto para a minha equipe, era de uma mulher chegando no meio agrícola: “Não vou negociar com uma mulher”. O tempo vai andando, você vai mostrando o seu trabalho, e o próprio cliente vem te procurar — afirma Juscieli.
Dentro da porteira, a produtora rural de São Francisco de Assis Tainara Gripa também tem uma história semelhante. Quando menina, acompanhava o pai na lida e hoje pilota uma colheitadeira, administra parte da propriedade e tem um instagram para divulgar o seu trabalho.
— Eu sempre gostei de compartilhar minhas lidas tanto na pecuária, com o gado, quanto na agricultura, pilotando uma máquina. Um pessoal sugeriu que eu abrisse a minha conta no Instagram (torná-la pública) para ver que a mulher é capaz de trabalhar em qualquer uma das áreas que for — conta a produtora.
E essa é a ideia daqui para frente, continua Tainara:
— Pretendo incentivar mais mulheres, assim como eu peguei exemplos de outras nas redes sociais.
*Produção: Carolina Pastl