Nesta terça-feira (20), a Caixa Econômica Federal anunciou que passará a oferecer financiamento imobiliário com uma taxa de juros mais baixa, mas o contrato será reajustado mensalmente pela inflação. Atualmente, os empréstimos para a compra da casa própria são corrigidos pela TR (taxa referencial), criada em 1991 como medida para conter a hiperinflação.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta quarta-feira (21), o vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Jair Mahl, falou sobre os benefícios e esclareceu dúvidas sobre o novo modelo de financiamento.
Mahl explicou que todas as outras modalidades continuarão disponíveis, e que essa é apenas mais uma opção para dar liberdade de escolha ao cliente. Para ele, a principal vantagem em adquirir este novo financiamento está na diminuição da taxa de juros.
— Hoje (a taxa de juros) se localiza entre 9,75% e 8,5% ao ano. Se diminui para 4,95% a 2,95%. Porém, ao diminuir essa taxa, você fica com o IPCA corrigindo a tua prestação, o teu contrato. Ao fazer isso, a prestação naturalmente tem uma queda significativa, podendo chegar até 51%. A tua prestação fica com esta queda, o que é bastante relevante. Ao mesmo tempo, você vai ter recálculo mensal da tua prestação pelo IPCA — explica.
Outro ponto esclarecido por ele é que o novo financiamento é válido apenas para novos contratos. Sendo assim, quem quiser adquirir um imóvel por meio da nova modalidade, mas já tiver um contrato em vigência, deverá rescindi-lo. Por acarretar custos, Mahl afirma que esta medida não é recomendada pela Caixa. Ele também foi questionado sobre a necessidade de haver alguma medida de controle caso ocorra um momento de hiperinflação, ao que ele respondeu negativamente:
— Consideramos que os fatores macroeconômicos do Brasil estão seguros. Tivemos exemplos nos últimos anos de instrumentos sendo bem utilizados por todos os meios de mercado e entendemos que estamos seguros para voltar com algo que possa ser corrigido pelo IPCA. Mas não há nenhum mecanismo para isso, não. Isso faz parte da liberdade de escolha do cliente e, ao mesmo tempo, traz a possibilidade de incluir mais famílias que possam adquirir a casa própria. São opções. Ao mesmo tempo se tem benefício de ter prestação mais baixa, mas se fica sujeito ao índice de mercado com recálculo mensal. Há escolha do cliente em buscar uma prestação mais baixa e, naturalmente, há consequências naturais do tempo — afirma Mahl.