O solo, elemento que é ponto de partida de qualquer cultivo e um dos mais importantes para o sucesso do agronegócio gaúcho, esteve no centro do debate promovido na última terça-feira, dia 27, pela cooperativa agropecuária Cotribá em parceria com o Grupo RBS dentro da programação da 47ª Expointer. Com o tema “Reconstrução do solo no Rio Grande do Sul pós-enchente”, o encontro reuniu dezenas de convidados na Casa Cotribá e teve mediação da jornalista Gisele Loeblein, do Grupo RBS.
Durante a fala de abertura, o presidente da Cotribá, Celso Krug, comentou que os prejuízos, especialmente de fertilidade do solo no Estado, são incalculáveis, por isso a preocupação da cooperativa em trazer informações atualizadas para os produtores foi uma das prioridades dentro da feira.
– O que sabemos até aqui é que essa reconstrução do solo não se faz só com uma parte química. O que perdemos vai levar anos para ser reconstruído – avalia Krug.
O debate contou com a presença dos especialistas Geomar Corassa, gerente de pesquisa e tecnologia da Companhia Central Gaúcha de Leite (CCGL) e coordenador da Rede Técnica Cooperativa (RTC), o doutor em ciências do solo e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Gustavo Brunetto, o diretor técnico agrícola da Estância Cerro do Ouro Murilo Teixeira, o CEO na De Bortoli Consultoria Agronômica, Maurício de Bortoli, e o gerente de desenvolvimento de mercado na Dimicron, Tiago Baggio.
Corassa começou sua análise destacando que o Rio Grande do Sul já estava prejudicado pelas estiagens dos últimos anos e a catástrofe climática do mês de maio levou não apenas o que crescia nas lavouras, mas a capacidade de produção do solo.
– Quando a gente fala perda de solo, estamos falando da camada mais fértil, e que foi levada embora pelas águas em muitas regiões. Isso afeta não só a questão química do solo, mas também a questão biológica – explica o engenheiro agrônomo.
O papel das pesquisas acadêmicas para a retomada das lavouras gaúchas também esteve no centro da conversa. Criar um espaço de discussão unindo diferentes instituições foi algo destacado por Gustavo Brunetto, que trouxe dados dos níveis de chuva de diferentes regiões do Estado e a forma como cada uma teve seu solo afetado. Para ele, escutar o agricultor é essencial para superar este momento de crise.
– O grande objetivo do produtor é ter um bom rendimento, independente da cultura. Mas, para isso, temos que afinar estratégias entre técnicos e produtores. Também é importante utilizar informações científicas atualizadas – orienta.
Pensar em um sistema de produção e não apenas em uma cultura específica também foi algo destacado entre os debatedores. Murilo Teixeira enfatizou que onde esse tipo de iniciativa foi implantada, os produtores estão vivenciando um aumento da eficiência do solo, algo que foi reforçado por Maurício de Bortoli e sua experiência dentro da Estância Cerro de Ouro.
– Esse sistema de produção vai trazer equilíbrio ambiental e econômico e vem de encontro com os três pilares do solo: hídrico, físico e biológico – indica.
Na sequência, as possibilidades de inovação para auxiliar os produtores gaúchos foram trazidas por Tiago Baggio, que deu ênfase para a importância de explorar os insumos de uma forma mais eficiente, auxiliando na saúde do solo e garantindo uma produção mais rentável e sustentável.
– O principal patrimônio do produtor rural é o solo. E é ali que ele deposita o seu investimento para que ele possa passar com maior resiliência por períodos difíceis. É preciso observar a natureza para aproveitarmos da melhor maneira as tecnologias disponíveis – direciona Baggio.
O encontro contou também com um momento voltado para as perspectivas de financiamento e apoio aos produtores rurais. O sócio-executivo e vice-presidente operacional do Grupo Ecoagro, Christian Fumagalli, e a gerente geral do Banco do Brasil, Patrícia Maria, trouxeram informações sobre as ações já em andamento para redução de danos e garantia da retomada da produção no Estado.
– Não existe agronegócio sem crédito. Daí a importância das cooperativas, que tomam um risco junto com o produtor. A Cotribá sempre foi pioneira em olhar para momentos de crise e buscar alternativas fora do que as linhas governamentais de crédito oferecem – aponta Fumagalli.
Para o gerente comercial da área de insumos da Cotribá, Jonas Antonello, a conversa trouxe um panorama bastante abrangente sobre o trabalho que os produtores terão de ter nos próximos anos para garantir as próximas safras com mais rentabilidade, já que a enchente causou um impacto no solo gaúcho que deve levar anos para ser reestruturado.
– Precisamos construir um planejamento a curto, médio e longo prazo junto com os profissionais da área técnica do solo. A Cotribá está à disposição do produtor para fazer isso, contando com o suporte de muitas empresas de pesquisa – finaliza.