Sacola plástica, lata, latinha, pet, papelão. Todos os dias, Raquel Cristina da Conceição Camargo separa esses itens e muitos outros que chegam da coleta seletiva na Unidade de Triagem da Associação de Reciclagem Ecológica Rubem Berta. A cerca de 15 quilômetros dali, Josiara da Rosa Martins mantém a mesma jornada na Coopertuca (Cooperativa de Trabalho e Reciclagem Campo da Tuca). As duas recicladoras têm muito mais em comum do que a mesma profissão. Ambas conseguiram, com a renda gerada pelo seu trabalho, alcançar o sonho de ter uma casa, a da Josiara era de madeira, mas está se transformando: “eu estou construindo a minha casa, mesmo com a pandemia. Estou levantando a estrutura, que antes era de madeira e agora já está nos alicerces e pretendo continuar.”
A casa da Raquel ainda é alugada, mas até o final do próximo ano ela também pretende ter a sua própria moradia. “Antes, eu dependia dos outros. Eu estava correndo atrás para achar serviço e não conseguia. Daí, eu ganhei uma oportunidade”, conta. Com o emprego na Rubem Berta ela conquistou outro patamar. “Desde que eu comecei a trabalhar, comprei uma TV, comprei um telefone, comprei algumas roupas, até para trabalhar.”
As conquistas de Raquel e Josiara refletem a importância do descarte correto. Mudanças simples de hábitos e rotinas como separar em casa os resíduos secos dos orgânicos já são um passo importante para fortalecer a cadeia da reciclagem e, assim, reduzir o impacto ambiental, gerar emprego e renda para quem vive da reciclagem. Vale salientar que os resíduos plásticos são os que geram maior renda para as cooperativas, pelo seu valor agregado e pelo volume.
Dados de março do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) mostram que, diariamente, são recolhidas 1.126 toneladas de resíduos nas residências de Porto Alegre. Desse volume, apenas 51 toneladas vão para Coleta Seletiva, que existe na capital desde 1990. As mais de 1 mil toneladas restantes são formadas por resíduos orgânicos e rejeitos, porém, o DMLU calcula que nesse montante há 252 toneladas/dia com potencial reciclável. Mas como ficam misturados, têm como destino final a Estação de Transbordo e de lá vão para o aterro sanitário de Minas do Leão.
Boa parte desses resíduos poderia ser aproveitada pelas Unidades de Triagem, formando um vigoroso ciclo de sustentabilidade com ganhos para todos, a começar pela Raquel, a Josiara e centenas de outros recicladores e suas famílias. Destinar esses resíduos para coleta seletiva e depois unidades de triagem está definido na PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos, exatamente para gerar emprego, trabalho e renda. As garrafas plásticas e muitos outros materiais plásticos geram trabalho e renda para os trabalhadores da reciclagem.
O descarte inadequado é um problema brasileiro que ainda está longe de ser solucionado. Levantamento do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), revela que a quantidade de resíduos sólidos urbanos destinados inadequadamente no Brasil cresceu 16% na última década. O montante passou de 25,3 milhões de toneladas por ano em 2010 para 29,4 milhões de toneladas/ano em 2019.
A Braskem, por meio do programa Ser +, apoia esse elo da cadeia de reciclagem destinando recursos para melhorias de infraestrutura e gestão das unidades. São 16 cooperativas apoiadas com cerca de 500 trabalhadores beneficiados.
Conscientização
Para que o negócio da reciclagem prospere e faça girar a economia circular, é necessária a conscientização da sociedade. Mudanças simples de hábitos e rotinas como separar em casa os resíduos secos dos orgânicos são um passo importante para fortalecer a cadeia da reciclagem e, assim, reduzir o impacto ambiental. “Se as pessoas separassem mais, nos ajudariam na separação aqui também”, afirma Raquel. E ela faz uma reflexão sobre como contribuir para o processo de mudança: “os professores podem ajudar a ensinar e passar para os alunos como separar o lixo em casa para melhorar para a gente poder reciclar melhor. Isso não ajuda só nós, mas todo o meio ambiente,” ensina.
Para sensibilizar a rede pública de ensino - e interessados no tema - sobre melhores práticas de reciclagem, repensar o descarte de resíduos, incentivando práticas sustentáveis, a Secretaria de Educação de Porto Alegre (SMED) convidou a Braskem e o Sindicato das Indústrias Plásticas do RS (Sinplast-RS), por meio da plataforma Repense, para promover, em outubro, o Reciclando Ideias. O evento mostrou como o descarte correto de resíduos e a separação de forma adequada podem gerar renda para trabalhadores em unidades de triagem gaúchas.
“Para separar é preciso dividir em três frações: os recicláveis, os orgânicos e os rejeitos, que são aqueles que colocamos na lixeira do banheiro, os contaminados. Depois, podemos ter duas lixeiras na cozinha. Uma onde a gente separa os restos de alimentos (orgânicos) e a outra para colocar os recicláveis. Quando a gente mistura esses dois, um acaba contaminando o outro e eu não consigo fazer a reciclagem desses materiais”, destaca a engenheira ambiental, sanitarista e especialista em logística reversa e gestão de resíduos sólidos e diretora geral do Instituto Equilátero, Vanessa Falcão.
A iniciativa também abordou os mitos e verdades sobre o plástico e a importância de uma mudança de mentalidade através da economia circular, que também faz parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, metas criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O Reciclando Ideias aconteceu em três edições, e todas estão disponíveis no Youtube da Smed. Veja aqui.
Descarte certo
É importante diferenciar os tipos de resíduos, confira alguns exemplos:
Resíduos Recicláveis:
Metais
Plásticos
Vidros
Papéis
Embalagens Longa Vida
*Encaminhar à Coleta Seletiva
Resíduos Orgânicos Domiciliares:
Sobras de alimentos
Cascas de frutas
Erva-mate
Borra de café e chá
Terra de vaso
Cinzas
Restos de Vegetação
*Encaminhar aos Contêineres ou à Coleta Domiciliar
Resíduos Comuns/Rejeito:
Papel carbono
Cigarro
Papel higiênico
Pó de varrição
Fraldas descartáveis
Guardanapos usados
Esponjas usadas
*Encaminhar aos Contêineres ou à Coleta Domiciliar
Para saber mais, acesse o Braskem Transforma ou confira o vídeo abaixo: