A safra do camarão está se encerrando com resultado abaixo do esperado no sul do Estado. A pesca predatória e problemas no processo de salinização da Lagoa dos Patos contribuíram para o descontentamento dos pescadores, que avaliam perda de 60% em relação ao planejado.
Iniciada em 1º de fevereiro, a safra deixou os pescadores motivados e esperançosos em ter bons números por conta das condições climáticas de 2019. A intensa chuva no mês de outubro, e depois o período seco em dezembro do mesmo ano, fizeram com que ocorresse uma boa reprodução do camarão. Faltando três dias para o encerramento da safra, no entanto, a esperança se tornou decepção.
- Tínhamos tudo para ter uma boa safra, mas não tivemos. É uma decepção muito grande, muitos pescadores aqui já guardaram as redes sem esperança. Agora teremos pela frente o período de defeso e ficamos na expectativa para a próxima safra - conta o presidente da Colônia de Pescadores da Z1 de Rio Grande.
A estiagem que poderia contribuir com o melhor desenvolvimento do crustáceo, por ser tão intensa, acabou dificultando a entrada da água do mar na Lagoa dos Patos. Se a água não fica salgada, as larvas não entram na lagoa e o camarão não se desenvolve corretamente. A pandemia do coronavírus também contribuiu para uma safra ruim. Com o avanço da doença, o preço do quilo de camarão caiu de R$ 15 no começo da safra, para R$ 5.
A safra do camarão termina no dia 31 de maio e reinicia apenas em 1º de fevereiro de 2021. Até lá, os cerca de 2,5 mil pescadores de Rio Grande receberão o auxílio defeso. Recentemente, o governo federal vetou uma cláusula que incluía os pescadores no auxilio emergencial de R$ 600 criado em meio à pandemia de covid-19.