O Rio Grande do Sul tem, segundo dados do IBGE, cerca de 487 mil colmeias e quase 38 mil apicultores que produzem e comercializam seu mel em seus municípios ou exportam para outros países por meio de cooperativas formadas para vários apicultores. A Coopampa é um exemplo, exporta quase todo resultado de sua produção.
Durante o evento Colmeia Viva Diálogos, movimento do setor de defensivos agrícolas que incentiva o diálogo entre agricultores e criadores de abelhas, ocorrido no final de novembro em Porto Alegre, realizou-se debate sobre as diferentes realidades e necessidades sobre um tema que preocupa a todos produtores de mel: o uso indiscriminado de defensivos agrícolas.
Certo que a agricultura deve fazer utilizar os meios mais modernos para produção, porém visando a proteção racional dos cultivos e o respeito à apicultura.
Mais uma vez, as projeções para a safra gaúcha de verão no Estado aponta o soja no topo. No ciclo 2017/2018, foram plantados 5.758.133 hectares. Para a atual safra, a área deve ser acrescida de 2,30%, chegando a 5.890.619, índice que poderia facilmente ser aumentado se os produtores utilizassem um meio que quase não iria lhes acrescentar custos: o auxílio das abelhas na polinização. O comportamento natural das abelhas é de alta importância, pois esses insetos são responsáveis por 33% da produção agrícola mundial. Na Europa e nos Estados Unidos, é comum agricultores alugarem colmeias para as abelhas polinizarem os cultivos. Os insetos têm a função de maximizar o potencial produtivo.
O apicultor que perde suas abelhas e colmeias, simplesmente perde. Não há nenhum fundo ou seguro que lhe ampare.
O Brasil apresenta um clima temperado, propício a pragas, insetos e plantas daninhas e jamais alcançaria os altos índices se não fosse a utilização dos agrotóxicos. Todavia, não se pode fechar os olhos para os apicultores, somente em benefício do agricultor. Bom seria o equilíbrio, beneficiando um e outro, sem nenhum prejuízo para ambos.
Necessário é que haja uma relação mais aprofundada entre apicultura e agricultura, com capacitação, orientação, conscientização e, principalmente, mais diálogo entre as classes de agricultores e produtores de mel.
O apicultor que perde suas abelhas e colmeias, simplesmente perde. Não há nenhum fundo ou seguro que lhe ampare. Essa questão também deve ser refletida.
Aldo Machado é coordenador da Câmara Técnica da Apicultura da Secretaria da Agricultura do Estado, vice-presidente da Federação Apícola do RS e presidente da Cooperativa Apícola do Pampa Gaúcho (Coopampa).