O preço baixo das commodities agrícolas e a falta de silos para armazenar mais uma supersafra colhida no Estado impactaram os resultados da 40ª edição da Expointer, encerrada neste domingo. O volume de negócios da feira, na mesma base de comparação com o ano passado, chegou a R$ 1,937 bilhão, apenas 0,7% acima de 2016. A estabilidade ficou em linha com o esperado pelo governo, mas um pouco abaixo da expectativa do setor de máquinas agrícolas. O segmento, carro-chefe da comercialização da mostra, registrou R$ 1,923 bilhão em vendas e propostas, também 0,7% acima do ano passado.
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O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas, Claudio Bier, lembrou que acreditava em aumento de até 10% nos negócios, mas ao longo da feira percebeu que a expectativa não se confirmaria. A falta de estrutura para guardar o volume recorde de grãos colhido no Rio Grande do Sul, porém, mudou um pouco o perfil do tipo de produto buscado pelos clientes. O destaque positivo ficou por conta da venda de silos. No BRDE, por exemplo, as aquisições de sistemas de armazenagem representaram 60% da busca por crédito, percentual três vezes maior do que ano passado.
– No início da feira comecei a perceber as dificuldades dos produtores. Principalmente pelo preço das commodities. O agricultor está sentado em cima dos produtos, à espera de preços – observou Bier, que mesmo assim avaliou o desempenho como positivo.
Estrelas da Expointer, os animais tiveram o segundo ano consecutivo de retração nos negócios. Foram R$ 10,61 milhões, queda de 12% ante 2016. O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça, Eduardo Finco, minimizou o recuo. Para ele, o importante é a qualidade dos animais levados a Esteio e e o aumento das médias de preços. Cabanheiro, o vice-governador José Paulo Cairoli adiantou que a intenção do governo é incentivar participação maior de rústicos na Expointer. As inscrições de animais de argola vem caindo nos últimos anos.
O maior aumento na comercialização veio do pavilhão da agricultura familiar. Beneficiadas pelo tempo bom durante os dias da mostra e pela grande circulação de público, as vendas dos cerca de 200 estandes das agroindústrias aumentaram 40% e atingiram R$ 2,85 milhões. Apenas no sábado foram R$ 500 mil. Diante do sucesso do espaço, o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Nestor Bonfanti, cobrou do governador José Ivo Sartori a construção de um segundo pavilhão, prometido desde 2011.
– Já era para ter acontecido. Até o final deste ano poderemos ter novidade – disse Sartori, fazendo uma sinalização positiva à demanda.
No balanço deste ano da Expointer, o governo gaúcho decidiu incluir a venda de automóveis na contabilidade. Foram cerca de mil veículos, com faturamento extra de R$ 98 milhões. Assim, total de negócios chegaria a R$ 2,035 bilhão.
Neste domingo, com temperatura acima dos 30º, a movimentação de público também foi grande. Até às 13h, a organização contabilizava mais de 382 mil visitantes desde o início da feira. Para acessar o parque foi preciso paciência nas filas das catracas e no congestionamento nas vias de acesso.