É normal que um relacionamento tenha altos e baixos, independente do tempo que dure. Superar os momentos desafiadores faz parte do amadurecimento a dois, mas nem sempre ambos estão dispostos a continuar juntos. E o problema começa quando a parte desinteressada não toma a iniciativa do término, deixando tudo ainda mais confuso.
Segundo a psicóloga e terapeuta de casais Cristiane Silva da Hora, muitas vezes, a pessoa não tem coragem de dar um basta. Os motivos incluem medo de destruir a família ou de fazer o outro sofrer.
Nesse caso, como saber se o seu par está pensando em dar um fim à relação? Cristiane explica que é comum, nesses casos, o(a) parceiro(a) tomar algumas atitudes que demonstrem a sua vontade.
Em geral, a peça-chave para ajudar a identificá-las está em observar se algo está diferente em seu comportamento.
— Você começa a perceber a mudança do que antes era uma prática comum e agora começa a se tornar uma coisa que difere muito do que era o relacionamento — aponta a profissional.
A seguir, ela indica alguns sinais que podem ser um alerta de que o par está pensando em terminar, mas não consegue.
1. Solidão a dois
Conforme a psicóloga, um dos indicativos é quando a conversa começa a ficar difícil e não há mais intimidade emocional. É aquele desinteresse em perguntar como foi o dia, querer saber como o outro está e comentar situações corriqueiras:
— As respostas são monossilábicas. "Bom, ruim, está bom". Há um distanciamento, que faz com que, na mesma casa, a pessoa se sinta sozinha.
2. Não opina mais
Esse desinteresse no diálogo também pode ser visto quando um dos dois já não opina sobre as coisas e não se posiciona nas decisões – aceita tudo, sendo que antes costumava ajudar nas escolhas:
— A pessoa fala: "Quero assim, está bem?" e o outro responde: "Ah, está bom". "O que tu achas de a gente fazer tal coisa?". E recebe sempre: "Está bom".
3. Implicância com tudo
Cristiane afirma que críticas constantes também podem ser um sinal. É sobre qualquer coisa parecer errada aos olhos do(a) parceiro(a), que começa a demonstrar chateação em relação a tudo.
4. Sem programas juntos
A pessoa passa a não incluir mais o par nos jantares e programas com amigos, quando, antes, era prática comum. Ou, então, se já não faz mais questão de atividades a dois, como sair para jantar, ou não gosta mais de planos em família e prefere sempre estar só.
— "Hoje, estou cansado", e vai estar sempre, mas para amigos não, né? Aí, está sempre pronto. Mas não leva junto — aponta a psicóloga.
5. O futuro já não é mais uma certeza
Vem o pessimismo sobre o futuro do relacionamento, além de insatisfações ou dúvidas sobre a vida juntos.
— É aquela coisa assim: "Ah, não sei se a gente devia estar junto". "Ah, será que a gente permanece? Estamos brigando demais". Não tem aquilo de: "Vamos tentar resolver".
6. Distância física e emocional
No momento em que a distância emocional e física aumentam, pode estar aberto o espaço para a indiferença. Por exemplo, já não há mais demonstrações de carinho e de afeto, diminuem os interesses que antes eram comuns para os dois, sem explicação aparente.
De acordo com Cristiane Silva da Hora, embora isso possa envolver outras questões, a falta de desejo sexual também pode sinalizar que algo não vai bem. Para ela, o que deve ser avaliado são a intensidade e a frequência com que o casal normalmente mantinha relações sexuais, em comparação ao que acontece naquele momento.
— Se, por exemplo, faz dois meses que a gente não transa, preparo tudo e a pessoa chega, dá boa noite e vai dormir, ou fica no celular, pode haver um desinteresse. Então, deve ser avaliada a frequência disso — orienta.
Diálogo em primeiro lugar
A psicóloga deixa claro que é importante haver uma conversa entre o casal, já que não necessariamente os indicativos citados acima significam 100% que a pessoa quer terminar o relacionamento. Para Cristiane, os sinais também podem ser reflexos de algum problema pessoal ou algo emocional, que só será entendido se for exposto.
— Não temos uma bola de cristal, então não temos como adivinhar o que o outro quer ou está pensando. Em primeiro lugar sempre o diálogo, porque na hora em que ele acabar, pode ter certeza de que o relacionamento acabou também — completa.
*Produção: Jovana Dullius