Histórias de amor duradouro sempre foram o ponto forte das animações: as princesas encontram seus príncipes e vivem felizes até o final de suas vidas. Na vida real, um relacionamento de 20, 30 ou 40 anos parece, muitas vezes, impossível, reservado somente a algumas poucas exceções. Em tempos nos quais os divórcios e separações estão cada vez mais comuns, conheça histórias de quem encontrou cedo o seu amor – e continua apaixonado até hoje. Os relatos a seguir são de leitoras que, a convite de Donna nas redes sociais, compartilham um pouco do que viveram neste Dia dos Namorados.
Paixão (para além) do verão
Entre idas e vindas, a história de Nance e Lauro foi um amor de verão que engatou de vez na terceira tentativa. Nance Beyer Nardi começou a frequentar a Praia de São Pedro, em Arroio do Sal, quando tinha 14 anos, em 1966. Lá também veraneava Lauro Valentim Stoll Nardi, que estava completando 15 anos.
Os dois começaram a namorar no ano seguinte, mas a relação acabou junto com o final da temporada de calor, quando tiveram de voltar para as suas respectivas cidades. Em 1968, a situação se repetiu. A história de amor começou a se desenrolar mesmo em janeiro de 1970 quando, finalmente, souberam que ficariam juntos.
— Posso até dizer: apesar de ser a terceira vez que estávamos namorando, foi amor à primeira vista — conta a professora aposentada, hoje com 69 anos.
Os dois se casaram em março de 1975. Apesar de querer construir uma família, Nance tinha dificuldades de concepção devido a um problema endocrinológico. A barreira foi superada quando ambos decidiram cursar um mestrado em Londres, onde ela teve acesso a um tratamento que ainda não existia no Brasil.
Os sonhos deram certo: hoje ela é mãe de Marcos, 38 anos, e Helena, 34, e também avó de Martina, cinco, e Matheus, dois. Para os filhos, o professor de 71 anos ensina a lição de como construir uma relação duradoura:
— O relacionamento de duas pessoas é semelhante a uma planta: você tem que sempre dar atenção — compara ele. — Precisa fazer concessões, aprender a desculpar o outro. O maior segredo é ambos se esforçarem para manter a relação.
Além de compreensão e honestidade da parte de ambos, Nance também não descarta uma pontinha de destino nessa história. Hoje, os dois são vistos por outras pessoas com admiração e até espanto – afinal, é uma parceria que já dura mais de 50 anos:
— Volta e meia ouvimos comentários: “Como que pode?”. Acho bonito isso, levar algo positivo para a sociedade.
Mesmo tendo passado anos sem visitar a praia em que se conheceram, a ligação deles com o local continuou firme. Com a pandemia, decidiram tornar realidade uma brincadeira antiga: a de que se mudariam para o lugar onde o amor nasceu. Em março de 2020, venderam a casa que tinham em Viamão, reformaram a residência da praia e, agora, dormem ao som das ondas do mar que embalaram o romance em seus primeiros anos.