A vencedora da última edição do Miss Universo da província de Buenos Aires, na Argentina, foi a advogada e jornalista Alejandra Rodríguez, 60 anos. Ela segue para a disputa nacional e, se vencer o Miss Argentina, poderá representar o país na edição internacional do Miss Universo.
A coroação é inédita e a participação de Alejandra só foi possível em razão das mudanças estabelecidas nas regras do concurso internacional. Em novembro do ano passado, um novo regulamento pôs fim ao limite de idade para as participantes, e passou a aceitar mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães.
Para alguns, as alterações são vistas como um avanço na busca por inclusão, enquanto para outros, as novas diretrizes vão contra a essência perpetuada por anos pela franquia.
Outras situações também têm sido classificadas como polêmicas em torno da competição, desde pedidos de boicotes até denúncias de assédio. Por isso, GZH separou as principais mudanças no regimento e os acontecimentos que dividiram opiniões no Miss Universo nos últimos anos. Confira a seguir:
2012 - Participação de mulheres trans
Em 2012, após 60 anos da criação do Miss Universo, o concurso passou a permitir a participação de mulheres transgêneros em todas as estâncias: mundial, nacional, estadual e municipal. A primeira a se classificar foi a modelo Angela Ponce, representante do Miss Espanha, em 2018.
Na edição do ano passado, foi a primeira vez em que duas mulheres trans estiveram presentes na mesma competição. Rikkie Valerie Kollé (imagem abaixo) representou a Holanda, e Marina Machete, Portugal.
2021 - Pedidos de boicote
A 70ª edição do Miss Universo, em 2021, foi a segunda realizada em meio a pandemia de Covid-19. O evento, celebrado pela primeira vez em Israel, foi marcado por polêmicas e pedidos de boicote.
Na ocasião, diferentes países pediram que suas representantes deixassem de participar do concurso, já que o país sede estava sendo acusado de atuar contra a Palestina. O governo da África do Sul, por exemplo, pediu que a candidata Lalela Mswane desistisse da competição. Organizações palestinas também pediram para que as modelos não participassem do evento.
Indonésia e Malásia não enviaram representantes e alegaram dificuldades ligadas à pandemia. Já os Emirados Árabes Unidos, apesar de ter normalizado relações com Israel, também não enviaram candidatas "por problemas de cronograma" durante a etapa nacional.
2022- Mulher trans a frente do concurso
Em 2022, a empresária tailandesa trans Anne Jakapong Jakrajutatip comprou por US$ 20 milhões a empresa organizadora do Miss Universo, a Miss Universe Organization. Figura de destaque da televisão local e defensora dos direitos LGBT+, ela foi a primeira mulher a assumir a direção do concurso de beleza.
As negociações de compra com a ex-proprietária do concurso, filial da gigante americana do entretenimento Endeavor, levaram um ano. A empresa IMG era proprietária do concurso desde 2015, após comprá-lo do empresário e ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
2022 - Flexibilização para mães, casadas e divorciadas
Também em 2022, o Miss Universo estabeleceu que mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães poderiam participar da competição a partir do ano seguinte. Na época, a organização declarou que "a mudança é um passo natural na evolução do concurso". Antes da alteração, apenas mulheres solteiras que não tivessem filhos podiam se inscrever.
Em 2002, a regra tradicional da competição chegou a desfazer o título da eleita Miss Brasil, a gaúcha Joseane Oliveira. A modelo foi obrigada a entregar a coroa e os prêmios após ser revelado que ela ocultou que era casada, apresentando documentos de solteira para a organização do evento.
2023 - Fim do limite de idade
Uma nova diretriz foi divulgada em 2023. A organização do Miss Universo estabeleceu que toda mulher, de qualquer lugar do mundo, acima dos 18 anos, poderá disputar a competição. A mudança foi aplicada a todos os concursos da franquia e associados.
A regra anterior, mantida por mais de 70 anos, determinava que apenas mulheres entre os 18 e os 28 anos poderiam concorrer ao título de Miss.
2023 - Mulheres plus size
O concurso internacional não possui regulamento de peso ou altura para as candidatas, embora se saiba que as participantes, em sua maioria, ao longo dos anos, possuíam padrões e características semelhantes. Contudo, a edição de 2023 marcou a participação da primeira candidata plus size no Miss Universo.
Quebrando estereótipos relacionados ao corpo, a enfermeira Jane Garret foi escolhida do Nepal para a disputa. A modelo chegou ao Top 20 entre as 85 candidatas.
2023 - Denúncias de assédio
Após uma série de denúncias de assédio sexual, o Miss Universo decidiu romper com a franquia da Indonésia em agosto de 2023, quando sete finalistas do concurso no país apresentaram uma denúncia contra os organizadores.
Na queixa, elas afirmaram que, dois dias antes da coroação, foi solicitado que se despissem para realizar "um exame corporal em busca de celulite ou cicatrizes". Uma investigação policial chegou a ser instaurada para apurar as acusações. A organização também optou pelo cancelamento de uma edição planejada na Malásia no mesmo ano.
Outra situação semelhante foi narrada por Mallory Hagan, a Miss America 2013, na minissérie Segredos do Miss América (2023). Ela afirma que foi alvo de assédio por parte de Sam Haskell, presidente do concurso na época. Segundo a modelo, o organizador comentava sobre seu peso, especulava sobre sua vida sexual e a intimidava junto a suas demais colegas. Acusações de misoginia e racismo também são citadas na produção.
2024 - Renúncia de coordenadores estaduais no Miss Universo Brasil
Neste ano, responsáveis por seletivas do Acre, Amazonas, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo e Sergipe renunciaram aos cargos de coordenadores das etapas estaduais do Miss Universo Brasil.
Apesar de não especificarem os motivos, a decisão se deu por discordância a entrada do empresário Gerson Antonelli para a diretoria nacional.
"A saída se dá em total discordância e repúdio ao histórico e posicionamento profissional do novo franqueado", escreveram os representantes dos estados.