"Satisfação e felicidade". É assim que Maria Eduarda Brechane, 19 anos, que venceu a final do concurso no sábado (8), descreve a sensação de ter sido coroada Miss Universo Brasil 2023. A gaúcha de Rio Grande superou as outras 26 candidatas, trouxe a 15ª coroa da disputa nacional ao Estado e agora será a encarregada de representar o Brasil no Miss Universo, marcado para dezembro, em El Salvador. Ela também recebeu o prêmio de R$ 50 mil.
Em conversa por telefone com GZH nesta segunda-feira (10), o orgulho pela vitória ainda ecoava nas falas da modelo e estudante de Jornalismo.
— A sensação é de estar no caminho certo. Saber que eu dei o meu melhor e daí vieram os melhores resultados. Muita gratidão por todo o processo e por todas as pessoas que passaram por ele — diz ela.— No momento em que o nome "Rio Grande do Sul" foi chamado no palco do Miss Brasil tive uma sensação inexplicável de gratidão, de felicidade. (...) Representar o Rio Grande do Sul no Miss Brasil é algo muito especial para mim, porque eu sou bairrista e apaixonada pelo meu Estado. Ter o nome "Rio Grande do Sul" ali tornou tudo mais mágico.
Assim que desceu do palco, pediu para encontrar a família (a mãe, o pai e a irmã viajaram até São Paulo para acompanhar Maria Eduarda no concurso) e para ligar para a avó, Cerli, que acompanhava a disputa de casa, ao lado de outros familiares.
— (Liguei) pedindo para ela ficar bem calma, porque estava tudo certo, que agora o meu sonho estava realizado, então ela não precisava se preocupar com nada porque daqui para frente só coisas boas virão. Foi muito emocionante. Como ela já tem um pouco mais de idade, ela fica muito nervosa, muito ansiosa. A família toda foi para casa dela para, já no começo, no traje típico, ir acalmando para que, se chegássemos até a final, estivesse tudo certo. Minha primeira preocupação foi acalmar a minha avó — conta.
— As primeiras pessoas que pedi para ver quando desci do palco foi a minha família. Eu sei o quão importante é para eles, porque é importante para mim. Eles sonham junto comigo. Quando desci, a pessoa que mais estava chorando era o meu pai. E foi ele que me fez chorar.
Questionada sobre qual foi o diferencial que a fez sair da competição vencedora, respondeu:
— A miss é um conjunto. Acima de um corpo, ela precisa ter uma voz, uma fala que impacte. O que eu sinto que me deu o título de Miss Universo Brasil 2023 é que, do começo ao fim, eu impactei de maneira positiva sendo eu. Aproveitei cada momento, com as colegas de quarto, onde nos conhecemos e conversamos, até os desfiles. Me entreguei de corpo e alma a todo esse projeto. Quando você se entrega e faz com amor, o resultado acaba sendo o melhor.
Um dos destaques da atuação de Maria Eduarda na final do Miss Brasil foi o "boa noite" em libras. Sobre as pautas que pretende continuar defendendo em seu legado como Miss Brasil, discorre:
— Eu prego, acima de tudo, o amor com o próximo. E isso vai tanto na questão de respeito e igualdade entre as mulheres, sobre sororidade, que é a empatia entre as mulheres... (Também) falo muito sobre a pauta de surdos e deficientes auditivos nas minhas redes sociais e o carinho que nós precisamos ter com as pessoas com deficiência porque se vê uma falta de preocupação. E eu me preocupo muito com essas questões. No início do meu discurso, eu dei "boa noite" em libras. Eu afastei o microfone da boca para conseguir deixar clara a leitura labial. Todos nós merecemos, acima de qualquer coisa, respeito. Então, o amor e o respeito a todos é o que eu mais prego, tanto como mulher quanto como miss.
De olho no Miss Universo
Atualmente morando em São Paulo, Maria Eduarda pretende voltar ao Estado para abraçar a família após a vitória, mas é nas terras paulistas que fará sua preparação para o concurso internacional. Para ela, representar o país no Miss Universo é, além de um sonho, uma grande responsabilidade.
— Significa ter muito foco, muita dedicação. Entender que hoje eu trabalho para a empresa Miss Universo e que eu represento muito mais do que a mim. Eu represento uma nação inteira de mulheres, de pessoas que acreditam no mesmo propósito que eu. Hoje, sou uma diplomata. Eu falo para o mundo inteiro em nome do meu país — declara.
As expectativas para a disputa são "muito boas", diz ela, que descreve a equipe do Miss Universo Brasil como "grandiosa".
— É uma equipe completa, em que trabalhamos um pouco de tudo. Desde ontem eu já venho em reuniões, e já viemos adaptando toda a minha imagem até o Miss Universo. O que eu vou levar, as pautas, a maneira com que eu vou entregar tudo, tanto para o público no Brasil quanto para agora, em El Salvador, que vai ser feito o concurso. Muita dedicação, foco e determinação. Por isso, a expectativa é muito boa. A preparação vai ser dessa maneira, completa, da oratória até a aptidão física, passando pelos cuidados psicológicos. Tudo vai ser muito detalhado para que cheguemos lá 100%.
Paixão por moda
Estudante de Jornalismo na Universidade Católica de Pelotas (curso que pretende pausar pelo menos nos próximos seis meses), Maria Eduarda conta que "cotou e ainda cota" a moda como profissão. A paixão pelo assunto ajudou na escolha dos looks utilizados por ela na competição.
— Eu, juntamente com o stylist e a equipe do Miss Universo Rio Grande do Sul, montamos todo o guarda-roupa. Foi muito aberto para que eu pudesse trabalhar. O look de chegada repercutiu muito, porque era um verde-bandeira com cintos e acessórios prateados. Depois tivemos outro look que também repercutiu, um longo azul-marinho com franjas de pedraria. Esse também foi uma escolha muito particular minha. Fui muito elogiada pelos looks e saibam que eu coloquei muita personalidade nisso — diz ela.
— Para o Miss Universo, ainda não sentamos e conversamos sobre o look. Mas já adianto que não é muito cedo, que já vamos começar a trabalhar nisso agora e que vou continuar colocando muito da minha personalidade, que é a sofisticação, mas também a modernidade da mulher que está sempre trabalhando, correndo, e precisa de uma certa praticidade sem deixar de lado a elegância — acrescenta.
Inspiração na Barbie
Foi o filme Barbie: Escola de Princesas (2011) que inspirou Maria Eduarda (que, na época do lançamento da animação, tinha sete anos) a "treinar" a postura para os futuros concursos de miss.
— A Barbie era um ícone para mim por ela ser o que quiser. Isso é inspirador. Teve um filme da Barbie que me marcou muito, o Escola de Princesas, no qual a Barbie precisava ter uma certa elegância. Para isso, ela precisou andar com livros na cabeça e, assim, aprendeu muito sobre etiqueta. Como eu queria ser miss, e para isso precisa de um certo porte, eu comecei a pôr livros na cabeça também. Isso muito pequenininha. Lembro que, todo dia, a minha meta era adicionar um livro. Em algumas semanas, já usava uma pilha gigante de livros na cabeça. Como o nosso corpo guarda memórias, hoje, se você botar um vaso na minha cabeça, eu consigo carregar descendo as escadas — relata, bem-humorada.
*Colaborou Jovana Dullius