Desde que tinha 13 anos até a chegada aos atuais 40, a porto-alegrense especialista em Marketing Digital Andressa Martins passou por vários cargos para construir, degrau por degrau, sua trajetória dentro do Festival Mundial de Publicidade de Gramado, evento fundado por seu tio João Firme em 1976 e cuja 22ª edição começou nesta quarta-feira (24) e segue até a sexta (26), na Serra.
Na adolescência, ficou encarregada do credenciamento dos participantes. Depois, trabalhou na produção, nas relações internacionais e, mais recentemente, atuou como diretora de operações, cargo que já era um ensaio para quando assumisse a liderança do evento. Foi em 2020 a passagem de bastão de seu tio e o início da missão de ser a primeira mulher CEO de um dos maiores eventos de publicidade no país.
— Seu João continua sendo nosso mentor, mas resolveu passar adiante toda essa construção dele. Isso, para mim, é uma grande honra, pois sempre foi algo que eu idealizei e que acabou se realizando. E o processo está sendo surpreendente. No início foi difícil, sofri preconceito pelo fato de ser mulher, mas agora está muito mais orgânico, estamos recebendo apoio — afirma Andressa.
Andressa explica que, mesmo com toda sua história ligada ao evento e todo o domínio de como fazê-lo, houve momentos de insegurança.
— A síndrome da impostora bateu. Justamente por eu estar há tantos anos nesse lugar, muitas vezes, nem eu mesma enxergava a capacidade que eu tinha de assumir tudo isso. Era como se eu fosse mais uma peça do xadrez, e não a peça mais importante para seguir tocando o jogo. E isso acontece com muitas mulheres, né? Acho que, pelo fato de vivermos num mundo que foi tão machista durante tanto tempo, já vem meio que imposto que a gente não tem condições de assumir uma posição de liderança. Foi um processo até eu entender que esse posto é meu — lembra.
Não por coincidência, o painel de encerramento do Festival Mundial de Publicidade de Gramado é protagonizado por mulheres que ocupam posições de destaque no mercado da publicidade. Isso faz parte do olhar que Andressa busca imprimir ao evento, valorizando a diversidade nas vozes de mulheres, de negros, de membros da comunidade LGBTQIA+, e com uma plataforma digital — já que o evento é híbrido — com acessibilidade para pessoas surdas. Clique aqui para mais informações.
E a gaúcha está vivendo essa nova etapa da carreira muito bem acompanhada, já que está grávida de cinco meses de sua primeira filha, Helena. Ela conta que a decisão de engravidar veio no início da pandemia, em 2020, ao lado da esposa Roberta, com quem é casada há quatro anos.
— A realização desse festival está me deixando mais forte. Talvez por causa da maternidade, pois eu já sinto que ela me faz uma pessoa melhor, mais forte. Mas também pelo fato de entender que tenho 40 anos e há 27 estou nesse evento oficialmente. Logo, estar realizando ele é uma coisa muito natural, é visceral para mim. Não sei dizer o que é mais lindo: o festival estar acontecendo com a gravidez ou o contrário. Estou no meu momento “venci na vida” — comemora.