Produções com temática feminina chegaram para ficar e, a cada temporada, surge um novo título onde espectadoras de diferentes idades e realidades podem se sentir representadas. Ou, mais do que isso, acolhidas.
A seguir, confira uma seleção de séries e filmes que valem a pena ser conferidos no Dia Internacional da Mulher ou em qualquer outra ocasião. São histórias em que personagens femininas (reais e/ou fictícias) se reinventam, se empoderam e criam redes de apoio para superar fragilidades, desafios e dilemas.
Séries para ver no Dia da Mulher
Onde assistir: Netflix
Minissérie de 2020 baseada na história de vida de Madam C.J. Walker, uma afro-americana que nasceu filha de escravos, venceu a pobreza e construiu um império no ramo de produtos de beleza. Octavia Spencer é quem interpreta esta mulher, a primeira milionária negra da história norte-americana, e que se tornou símbolo de sucesso empresarial e de superação.
A produção de quatro episódios é inspirada no livro On Her Own Ground, escrito pela tataraneta adotiva de Sarah, a jornalista A'Lelia Bundles. Negócios, sucesso, casamentos, decepções, racismo e voltas por cima: está tudo lá.
Após transformar a vida de milhares de mulheres afro-americanas, a megaempresária morreu em 1919, aos 51 anos.
Onde assistir: Netflix
Mostra a vida de quatro mulheres em crise existencial e o impacto disso em seus casamentos, nas suas profissões e na relação com os filhos pré-adolescentes. A amizade entre elas amarra muito bem as situações e a química entre as atrizes é destaque.
Com 12 episódios, On the verge (nome original) foi lançada em 2021 e traz no elenco rostos bem conhecidos, como Julie Delpy (da trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite) e Elisabeth Shue (de Karatê Kid — A Hora da Verdade).
Julie é Justine, uma chef de cozinha bem-sucedida; Shue é Anne, estilista dona de uma grife feminina que depende da ajuda financeira da mãe. Completam o quarteto Yasmin (Sarah Jones), dona de casa que deseja voltar ao mercado de trabalho, e Ell (Alexia Landeau), mãe solteira de três filhos de pais diferentes.
Envolvente, o enredo faz com que nos sintamos tão próximas das personagens que é como se nos tornássemos a quinta amiga.
Onde assistir: Netflix
Esse drama coreano lançado em 2022 chegou ao Top 10 da Netflix e conta a história da protagonista Woo Young-woo, uma brilhante advogada autista recém-contratada por um grande escritório de advocacia. A atriz Park Eun-Bin dá vida a uma personagem crível e rica em detalhes, sendo reconhecida em diversas premiações do audiovisual da Coreia do Sul e da Ásia.
Young-woo é uma funcionária novata e a primeira pessoa de seu país a advogar sendo alguém que está no espectro autista. Formada na Universidade Nacional de Seul, a jovem tem uma memória fotográfica invejável e consegue construir defesas fortes e encontrar brechas legais para seus clientes.
O que foge do convencional são suas habilidades sociais — conversar, rir, trocar afeto, compreender ironias são desafios para ela nesse contexto — de forma que a trama se desenrola enquanto Young-woo tenta superar o tratamento preconceituoso que recebe no trabalho, no tribunal e na sua vida cotidiana.
Embora difundida pela Netflix, a série é produzida pela ENA e Astory, e se tornou a sétima mais assistida da história da Coreia do Sul. Em 2022 Lee Sang-baek, CEO da Astory, confirmou que a produção irá retornar para uma segunda temporada.
Onde assistir: Paramount +
Embora lançada em 2009, a série de sete temporadas segue atual e somando fãs. Conta a história de Alicia (Julianna Margulies), uma advogada super competente, mas que não exerce a profissão porque escolheu se dedicar exclusivamente ao lar e à criação dos filhos. Isso até estourar um escândalo com o marido, que a obriga a voltar ao mercado.
A série jurídica traz ótimos casos, com temas atuais, enquanto a vida pessoal dos advogados se desenrola num roteiro muito bem desenvolvido, com agilidade e diálogos ótimos. Tem intriga, tem romance, tem amizade, tem mulheres que não são boas nem más, nos fazendo refletir sobre a natureza complexa das relações.
Julianna Margulies levou o Globo de Ouro (2010) e o Emmy (2014), ambos como melhor atriz em série dramática, e o restante do elenco não decepciona - destaque para a atriz Christine Baranski, como a advogada Diane Lockhart, que ganhou sua própria série depois do fim de The Good Wife (The Good Fight).
Onde assistir: Netflix
A série é uma aula sobre relacionamentos abusivos, dependência econômica, violência na forma de ofensas verbais, tentativa de manipulação e imposição de ordens e sobre como isso (e mais um pouco, como se já não fosse o suficiente) vai minando a saúde psicológica de uma mulher.
Margaret Qualley é Alex, a protagonista da série, que parte em uma jornada de busca por uma vida melhor para ela e a filha pequena. Ainda que a série seja sobre uma jovem, aborda temas sensíveis demais ao universo feminino em diversas fases da vida.
O drama com 10 episódios também mostra a importância de uma rede de apoio para que vítimas de abusos consigam romper com a situação e dar a volta por cima.
Onde assistir: Globoplay
Último trabalho de Domingos Oliveira, que dividiu a direção com Renata Paschoal, a série é de 2020 e mostra quatro amigas cinquentenárias que se reúnem semanalmente em um restaurante carioca para discutir dilemas da vida. Diana (Priscilla Rozenbaum) é uma escritora, jornalista e blogueira, que se mostra insegura sobre seus projetos após um casamento de anos com um aclamado romancista.
Ana (Cacá Mourthé) é designer e curadora, adora viajar pelo mundo e tem uma bem-sucedida carreira com paisagismo. Maria (Clarice Niskier) é antropóloga e intelectual, a mais séria das quatro. Papoula (Dedina Bernardelli) é atriz e vive um casamento infeliz.
As atrizes já tinham feito no teatro Confissões de Mulheres de 30 e Confissões de Mulheres de 40, também sob a direção de Domingos.
Onde assistir: Netflix
A história gira em torno de três mulheres que são melhores amigas desde a infância: Dana Sue (Brooke Elliott), Maddie (Joanna Garcia Swisher) e Helen (Heather Headley). A trama se desenrola numa pequena cidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, a fictícia Serenity, e é baseada na série de livros de Sherryl Woods.
Tem enredo e personagens simples, as coisas se resolvem sem grandes reviravoltas ou extremismos de roteiro, mas isso não impede a série de ser extremamente envolvente.
O ponto alto e comovente é sempre a amizade do trio, que se apóia, se acolhe, deixando sempre uma mensagem otimista. Juntas vão resolvendo os dramas e dilemas reservados a cada uma. A segunda temporada começou a mostrar mais fortemente a relevância das três para a comunidade onde vivem.
Onde assistir: Netflix
As dores, as alegrias, as dúvidas, os erros, as imperfeições, a falta de controle, os julgamentos… o lado menos glamouroso da maternidade é mostrado com muito realismo e sensibilidade por essa série canadense, de seis temporadas.
Kate (Catherine Reitman) tenta provar que não se tornou menos apta e produtiva no trabalho só porque teve um filho. Anne (Dani Kind), sua melhor amiga, é psiquiatra e, no âmbito familiar, tenta equilibrar a rotina tendo um recém-nascido e uma pré-adolescente para criar. Frankie (Juno Rinaldi) está passando por um pós-parto desafiante. E Jenny (Jessalyn Wanlim) vive uma fase de redescobertas como mulher e não teve a maternidade como uma experiência positiva.
Catherine (que faz a personagem Kate) é criadora, roteirista, produtora e também dirigiu alguns episódios - isso fez toda a diferença na abordagem crua e honesta.
Pode esperar o pacote completo: as dificuldades no retorno ao trabalho após a licença-maternidade, as crises de identidade, a depressão pós-parto, a gravidez não-planejada, entre outras questões relevantes ligadas ao feminismo.
Onde assistir: HBO MAX
A série de 2021 acompanha a vida de duas mulheres negras chegando aos 30 anos e enfrentando todos os desafios que o avanço da idade impõe. Criada, roteirizada e protagonizada por Issa Rae, aborda o universo da mulher negra contemporânea: questões raciais, diferenças de salário, preconceito e intolerância com sua sexualidade estão na tela de uma maneira muito bem-feita.
Funções por trás da câmera, como figurino, formação do elenco e fotografia, também são executadas por pessoas negras. Esse detalhe entrega uma produção única, porque está baseada no olhar de quem realmente vive ou viveu as situações da história. Até a luz usada nas gravações leva em conta as tonalidades de pele negra.
As protagonistas: Moly (Yvonne Orji) é uma advogada de sucesso e Issa Dae (Issa Rae) está tentando se encontrar profissionalmente. A série é representativa de temas importantes, mas traz humor e leveza. A trilha sonora também merece atenção. Está na quinta temporada.
Filmes para assistir no Dia da Mulher
Onde assistir: Netflix
Estreou na plataforma em 2021 e é uma produção de Taiwan, dirigida por Joseph Chen-Chieh Hsu. O filme se desenrola de uma maneira muito intimista para contar a história de uma família a partir da morte do patriarca e o surgimento de uma amante dele.
O enredo é baseado numa experiência pessoal do diretor e versa, basicamente, sobre aceitação. É um retrato delicado sobre como mulheres se libertam dos limites e valores familiares tradicionais e locais, num contexto de dor, luto, reconciliações e amizade. O filme foi a maior bilheteria de seu país de origem em 2020.
Onde assistir: Amazon Prime Video
Diane Keaton no elenco já pode ser uma forte razão para dar o play nesse filme de 2019, dirigido por Zara Hayes. A atriz vive Martha, que se muda para uma lar de idosos para viver passivamente sua última etapa de vida. Ao menos é isso que ela acha.
Porém, vai descobrir que nunca é tarde para novas experiências. Nessa comédia inspiradora e cativante, a protagonista se junta a amigas para participar de um concurso de animadoras de torcida.
Pode esperar situações bem engraçadas, intermediadas por alguns dilemas, vividos por ela, Sheryl (Jacki Weaver), Alice (Rhea Perlman), Helen (Phyllis Somerville) e Ruby (Carol Sutton).
Onde assistir: Netflix
Uma jornada de autoconhecimento e de cura emocional é o que pode esperar quem der o play em Em Busca de Mim (Stromboli, no título original). É num retiro de autoajuda que vai parar uma mulher que está saturada de seus problemas.
A trama do filme de 2022 acompanha a história de Sara (interpretada por Elise Schaap), uma mulher recém-divorciada que precisará lidar com fantasmas de seu passado e traumas sofridos em seu último casamento, enquanto enfrenta os julgamentos de sua própria família. Cansada de toda a situação, ela decide marcar uma viagem até à ilha de Stromboli, na Itália, para se redescobrir.
Guiada pelo guru Jens (Christian Hillborg), a protagonista vai se enxergar em outros personagens do retiro que compartilham das mesmas dores que ela, experiência que acabará por transformar sua vida. O filme também aborda as constelações sistêmicas e outros processos da terapia integrativa. Criado por Michiel van Erp, o filme é parcialmente baseado em fatos reais e adapta o livro homônimo da autora holandesa Saskia Noort.
Onde assistir: Amazon Prime Video
À primeira vista, esse filme de 2019 parece ter nada demais. Mas, ao final, fica a sensação de que valeu a pena ter assistido, pois aborda crise existencial, anseios e frustrações de uma forma sutil e significativa. Brittany (Jillian Bell) é uma mulher de quase 30 anos que vive uma vida bem desregrada, em Nova York.
Endividada, sem perspectiva profissional e infeliz emocionalmente, um belo dia ela resolve que vai correr uma volta no quarteirão. Lentamente, adiciona mais e mais quadras à sua rota, a cada dia, e quando percebe está inscrita num desafio: a maratona de Nova York.
O filme, dirigido por Paul Downs Colaizzo, não é sobre performance nem obsessão por corpos magros e sarados. Ao se impor o desafio, Brittany entra numa jornada de autoaceitação e começa a mudar a forma como vê o mundo.
Onde assistir: Claro TV+, streaming Curta! e na programação do canal Curta! desta sexta-feira (10), às 21h
O documentário de Maria Lutterbach lançado em 2022 promove um debate sobre direitos das mulheres e o papel feminino na sociedade, apresentando um panorama do acesso ao aborto seguro no Brasil, na Colômbia e na Argentina.
A obra começa com histórias tristes que estiveram nos noticiários brasileiros recentes: meninas e adolescentes que, embora violentadas — uma das poucas condições em que o aborto é permitido no Brasil —, foram impedidas de interromper a gravidez.
A conclusão é a de que o acesso a esse direito é, sobretudo, dificultado a meninas e mulheres negras e socialmente vulneráveis, que são constantemente vítimas de diversas violências.
Em seguida, a obra parte para Colômbia e Argentina, países em que o aborto legalizado é um direito. Em ambos, a mulher não precisa justificar os motivos pelos quais deseja interromper a gravidez e ainda lhes são oferecidas opções de procedimentos seguros. Cada país encontrou sua maneira de chegar a essa realidade: na Argentina, foi através da luta de movimentos sociais; na Colômbia, através de decisão favorável da Suprema Corte.