Hoje, depois de viver a maternidade na pele, quais conselhos você daria para aquela mulher inexperiente e cheia de idealizações? Neste Dia das Mães, a Revista Donna convidou cinco leitoras para fazer esse exercício: escrever uma carta pensando no início da sua caminhada, quando ainda carregavam seus bebês dentro da barriga. Naquela época, elas não faziam ideia do que viria pela frente – do susto da gravidez de gêmeas a um filho com autismo, da solidão do pós-parto ao medo de esquecer do lado mulher, profissional e de tantas outras facetas. A seguir, leia o relato sincero de Fernanda Romagnoli. E prepare-se: já deixe o lenço à mão, porque a chance de você se identificar e se emocionar é gigante. Feliz Dia das Mães!
"A ficha vai cair. Você nunca deu conta de tudo. Sempre fez o melhor possível e seguirá tentando"
"Ouça com atenção e cuide para não cair da cadeira: você será mãe de três filhos. E cada maternidade será completamente diferente uma da outra. Quando o Arthur nascer, as primeiras semanas servirão de alerta: você idealizou uma relação que não existe. Diferente do que disseram, não é ‘só colocar no peito e ele sai mamando’. Você verá seu filho chorar de fome. E suas lágrimas serão de desespero por não saber o que fazer. Não tinham dito que era natural? Pois, não é. Vai ser uma luta diária lidar com a culpa de não seguir o manual da mãe perfeita. A rotina também vai te assombrar. Bebê precisa dormir no mesmo horário, dar banho em tal hora, é o melhor. Mas nem sempre dá. Não se culpe por isso! Quando a Maria Fernanda nascer, você se sentirá liberta para seguir seu coração. E essa será a sua melhor escolha: ser mais leve e parar de tentar se encaixar em padrões.
Fica a dica: deixe de ser tão orgulhosa e controladora. A rede de apoio se tornará seus braços para seguir na profissão que sempre sonhou. Você também entenderá, na prática, que mães felizes criam filhos felizes
Só que ainda há um grande problema, porque, no fundo, você acredita que dá conta de tudo. E daí descobrirá uma terceira gravidez de supetão: João vem aí. Os olhares tortos e os questionamentos alheios se multiplicarão. ‘Vai seguir trabalhando?’ ‘Três crianças, não é demais?’ E mais: você começará a duvidar da sua capacidade de ser uma boa mãe. Daí a ficha vai cair. Na real, você nunca deu conta de tudo. Sempre fez o melhor possível e seguirá tentando. Mas precisará aprender a pedir ajuda. Fica a dica: deixe de ser tão orgulhosa e controladora. A rede de apoio se tornará seus braços para seguir na profissão que sempre sonhou. Você também entenderá, na prática, que mães felizes criam filhos felizes. E, para você, a realização profissional estará entre as prioridades. Assim como não abrir mão de ter aquele momento só de casal pelo menos uma vez por mês. Ou um tempo sozinha com as amigas – acredite, até finais de semana em Gramado com as gurias será possível encaixar na agenda de vez em quando.
Aí vai um último conselho: aprenda a não comparar seus filhos. Nem entre eles, nem com outras crianças. Enquanto o Arthur vai dormir muito bem, a Maria vai chorar por três meses a noite toda. E o João será um misto dos dois, ainda mais agitado. E tudo bem. Você não se tornou uma nova mãe a cada nascimento? Como seus filhos poderiam ser iguais?"
Fernanda Romagnoli, 43 anos, coordenadora de eventos, de Porto Alegre, mãe do Arthur, 10 anos, Maria Fernanda, cinco anos, e João, três anos.