Os relatos são de dores intensas seguidas de infinitas tentativas de aliviá-las. Chuveiradas quentes, caminhadas, massagens com óleos, exercícios e posições inusitadas servem de alento para mulheres que optam por sentir na pele toda a experiência de dar à luz sem dia nem hora marcada, respeitando o tempo da natureza. Comum a todas, também, é o sentimento de que fizeram a escolha certa, sem nenhum arrependimento.
Na era que marca a epidemia das cesáreas, cada vez mais mulheres têm nadado contra a maré buscando viver cada momento da enxurrada de sensações que é trazer uma criança ao mundo. Embora não se tenha números oficiais, as experiências recentes de doulas, hospitais e enfermeiras obstétricas apontam para um grande crescimento, em especial nos últimos três anos, na procura por partos em que se possa viver a experiência do nascimento em toda a sua plenitude.
Um parto humanizado nada mais é do que trazer um filho ao mundo respeitando e assegurando todos os desejos da mãe, desde a escolha da posição e do local para dar à luz até não usar, sob hipótese alguma, analgésicos para aliviar a dor. Tudo sem pressa, respeitando o tempo da gestante e do bebê e realizado em lugares que vão desde uma piscina de plástico na sala de casa, devidamente adaptada, até o quarto de hospital – geralmente com assistência de uma doula. Aliás, a quantidade de doulas em ação no mercado é um dos indicativos do aumento da procura pelo parto humanizado.
– Aumentou o número de doulas porque a demanda cresceu. Quando a gente não tem disponibilidade, procura outras para indicar – afirma a doula Anna Cony, explicando que uma profissional só pode aceitar até cinco partos por mês e, quando esse limite é extrapolado, é preciso indicar outras profissionais.
Os partos em casa também tiveram uma curva ascendente, como relata a enfermeira obstétrica Cintia Senger, da Equipe Partería. Atuando na assistência domiciliar há quatro anos, ela contabiliza quase 40 partos em 2017 – lembrando que, assim como as doulas, as enfermeiras trabalham com um limite máximo de gestantes por mês. Por trás desse movimento em busca de uma experiência mais acolhedora, no conforto do lar, está o desejo de permanecer mais tempo com o recém-nascido no colo após o nascimento e também a garantia de acompanhar de perto seus primeiros momentos fora do útero.
Isso porque hoje, segundo Cintia, há dois cenários distintos: um é o universo do Sistema Único de Saúde, no qual há registros de partos violentos e cheios de intervenções. Outro é o da esfera privada, em que as gestantes, muitas vezes, são levadas a uma cesárea desnecessária.
– As gestantes com convênio nem sempre têm um profissional que apoie o parto humanizado – pondera a enfermeira.
Para atender essa demanda, hospitais têm investido no treinamento de equipes e em uma infraestrutura especial pronta para receber as mamães. Os profissionais são instruídos a intervir o mínimo possível e respeitar, sempre que não houver riscos, o plano de parto da mulher. Também é estimulado o uso de métodos alternativos para alívio da dor, como massagens, óleos e exercícios.
A infraestrutura também recebe atenção especial: em algumas instituições, as salas de pré-parto são adaptadas com espaldar (equipamento de barras comum nas academias, usado para exercícios e alongamentos), têm bolas, banquetas de parto e chuveiro privado para as duchas quentes, bastante procuradas para amenizar a dor. Com papel importante dentro desse tipo de assistência, a doula também é bem-vinda nas casas de saúde. No entanto, a diferença é o limite que cada instituição dá para a presença das profissionais na hora do parto: algumas permitem a participação integral, enquanto outras limitam à sala pré-parto.
Trazer Luiza ao mundo dentro de um hospital, mas com o menor número de intervenções possíveis foi a escolha da diretora de aluguéis Júlia Dal Santo, 24 anos. Mãe de segunda viagem, ela optou pelo parto humanizado hospitalar após passar por uma cesárea aos 19 anos. Jovem e sem as informações necessárias à época, ela deu preferência ao caminho mais curto e “fácil” sem enfrentar nenhuma resistência da médica que a acompanhava.
Quando Laura, hoje com quatro anos, completou três meses, Júlia começou a mergulhar no universo da humanização e decidiu que, quando engravidasse de novo, buscaria conhecer melhor todas as opções disponíveis. No início do ano, quando descobriu que Luiza estava a caminho, foi em busca de uma nova equipe que atendesse seus desejos, todos devidamente especificados no plano de parto: segurar a bebê no peito logo após o nascimento e ter o cordão umbilical cortado pelo marido, Laerte, que apoiou a decisão. Quem teve dúvidas foi a mãe de Júlia.
– Ela ficou: “Como assim? Em 2018 fazer parto normal?”. Mas depois que assistiu ao filme O Renascimento do Parto (do diretor Eduardo Chauvet), mudou de opinião e passou a aceitar. Meu pai diz que não entende, mas respeita. As pessoas não compreendem por que tu escolhes algo demorado. A mudança do nascer parece algo tão fora de contexto.
Com nascimento previsto a partir do dia 20 de setembro, Luiza deve vir ao mundo na presença da médica obstetra, do pai e da doula Anna Cony, uma das fundadoras da Associação de Doulas do Rio Grande do Sul (ADO Sul), que tem acompanhado Júlia em seus preparativos – e explica que um parto humanizado respeita a fisiologia e o tempo:
– A humanização preconiza que o médico interfira o menos possível, até por que o significado obstetra é observar, assistir. Ele precisa estar ali caso precise.
A humanização também diz respeito à assistência dada às mulheres. Isso explica por que os partos humanizados não seguem regras pré-estabelecidas, com exceção daquelas que fazem parte do plano organizado pela gestante – desde que elas não coloquem em risco a vida da mãe ou do bebê. Embora o parto humanizado seja livre de regras, não deixa de seguir determinados propósitos. A doula e idealizadora do projeto Remãenescer, Andrea Gabech, explica que toda a assistência às mulheres nesse processo é sustentada por três grandes pilares: o protagonismo da mulher, a medicina baseada em evidências científicas e uma equipe inter e multidisciplinar. Na prática, isso quer dizer que mesmo uma cesárea pode ser humanizada.
– Existe uma divergência nessa questão, se cesárea pode ou não ser humanizada. É muito pessoal. Das minhas experiências, eu entendo que sim, tudo pode ser humanizado, melhor e com mais respeito. Se ela escolher cesárea, é humanização – diz Anna.
Assim como uma cesárea pode ser humanizada, também não há radicalismo. Desde que seja o desejo da mulher, pode-se fazer uso de analgesia e até mesmo mudar os planos em cima da hora. Afinal, cada parto é único e individual.
Três partos, três experiências
Em janeiro de 2014, a professora universitária Paula Biazus, hoje com 40 anos, deu à luz o primeiro filho, João Francisco, em um hospital de Barcelona. Com indicação de cesariana em razão de uma cardiopatia complexa do bebê, ela escolheu uma casa de saúde referência no tratamento do problema do filho. Assim que deixou o ventre da mãe, João foi para a UTI, onde passou por uma série de procedimentos. Onze dias mais tarde, o bebê não resistiu e morreu.
Mesmo com a possibilidade de gerar outra criança cardiopata, ela e o marido, Rafael, não abandonaram a ideia de serem pais novamente. Para surpresa do casal, no fim do mesmo ano, Paula engravidou. Realizado em um hospital em função da cesárea recente, o nascimento de José Vicente foi o primeiro parto normal e humanizado de Paula:
– A busca pelo parto humanizado veio desde sempre. Com o João já seria, mas algumas coisas tiveram que mudar em função do problema de saúde dele.
Foram 24 horas de trabalho de parto, das quais as últimas 12 foram mais intensas, na maior parte do tempo em casa. Com o auxílio da doula e as orientações recebidas via telefone da obstetra, Paula aliviava as dores com banho quente e exercícios. A ida para o hospital ocorreu somente duas horas antes de José vir ao mundo.
– Entrei no chuveiro e logo completou-se a dilatação. Saí do banheiro e começou o parto, em uma posição mais verticalizada, como se estivesse sentada em um banquinho – lembra.
As 24 horas não foram nada assustadoras para Paula. No dia 30 de junho deste ano, ela sentiu tudo de novo, desta vez, para receber Daniel Luiz no conforto da sua sala. Totalmente organizado e planejado, o parto teve acompanhamento de duas enfermeiras obstétricas a partir da 36ª semana de gestação. Elas se encontravam semanalmente para repassar o pré-natal, avaliar a saúde da mãe e preparar o parto. Com um quórum maior e um trabalho de parto menor, o menino nasceu diante dos olhos do irmão mais velho, do pai, da doula, de uma amiga de Paula – destacada para cuidar de José –, e de uma fotógrafa, com assistência das duas enfermeiras.
As profissionais apostaram que Daniel chegaria pesando mais de quatro quilos, o que as fez sugerir a posição de quatro apoios na hora do parto. E assim foi: com 4,420 quilos, o pequeno veio ao mundo sem complicações, em um ambiente totalmente familiar.
– Foi muito interessante na construção da família o José poder ter presenciado o nascimento. No hospital, ele não poderia – diz Paula.
NO HOSPITAL
De quatro no banco traseiro do carro, a funcionária pública Tanise Zamberlan, 37 anos, foi levada ao hospital para dar à luz Davi, em maio do ano passado. A posição inusitada foi a única possível devido às dores e contrações.
– Meu trabalho de parto durou cerca de cinco horas e meia. A primeira pessoa para quem eu liguei foi a doula. Ela ficou sentada conversando comigo e disse: “Quando a dor chegar nas costas, tu me avisa”. Quando chegou, eu entendi. O bicho pegou – conta, aos risos.
Como as contrações estavam muito próximas e o bebê estava nascendo com 36 semanas, a ida mais rápida ao hospital foi necessária.
Ao chegar na casa de saúde, a doula guiou a mamãe pelos corredores, enquanto o pai, Kenny, cuidava da parte burocrática com os documentos na recepção. Sentindo-se “fora da casinha”, como descreve, ela ingressou na sala de parto com muitas dores. Na tentativa de aliviá-las, fez exercícios na bola de pilates, no espaldar e tomou banho quente.
– Chegou um momento da dor em que eu dizia: “Me dá uma anestesia, pelo amor de Deus. Sei que eu disse que não queria, mas agora eu quero” – relembra, descrevendo o plano de parto feito previamente em parceria com a doula.
Sabendo da decisão de não receber anestesia, tanto a obstetra quanto a doula optaram por não se render aos pedidos de Tanise. Passado o “sufoco”, Davi nasceu aliviando todas as dores da mãe:
– Não me arrependo. A criança nasce e tudo passa. Valeu a pena. Passaria por tudo de novo – sentencia.
Experiência semelhante viveu a médica obstetra Maria Fernanda Amorim Pellicioli, de 37 anos. Depois de trazer várias crianças ao mundo, foi a vez de ela experimentar as dores e as alegrias da maternidade. Mantendo a calma e driblando as dores com caminhadas pela sala e uma chuveirada de 40 minutos, ela vivenciou a maior parte do trabalho de parto em casa.
– Fiquei em casa até 3h30min. Aí disse para o meu marido que iria sozinha para o hospital e ele disse: “Aí tu passaste do limite”. Cheguei no hospital, a enfermeira me examinou e eu estava com quatro centímetros de dilatação. Voltei para casa. Só retornei às 6h30min.
Como já conhecia a enfermeira, colega de trabalho, a médica dispensou a doula, apesar de defender o trabalho dessas profissionais:
– Elas dão uma segurança para a gestante e para o pai. É muito legal ter doula.
Maria Fernanda optou por receber analgesia, que lhe deu um fôlego para encarar mais algumas horas antes de Alice vir ao mundo.
EM CASA
Da preocupação com o destino das filhas logo que conhecessem o mundo fora do útero é que nasceu o interesse de Marina Bergamaschi Teixeira, 32 anos, no parto humanizado. A servidora pública conheceu o parto humanizado por meio de um grupo de e-mails, e acabou se interessando por essa modalidade de assistência ao nascimento. Quando engravidou de Cecília, cinco anos, sentou com o marido e pesou prós e contras de cada local onde poderia dar à luz:
– Nos sentimos mais seguros com o parto domiciliar. Estava muito tranquila e preparada, pois confiava muito na equipe.
Informação e confiança, aliás, são as palavras mais repetidas pelas mamães que optaram pelo parto humanizado. Todas elas pesquisaram e foram atrás de equipes de médicos e doulas que compactuassem com o respeito aos seus desejos.
Em sua segunda gestação, de Luísa, hoje com um ano, ela não teve dúvidas: quis parir em casa, novamente. Acompanhada de duas enfermeiras, a menina nasceu na banheira e logo partiu para o colo da mãe.
– Foram experiências tranquilas e lindas.
Parto humanizado na prática
Busque informações
É consenso: todas as mães que escolhem o parto humanizado dizem que o primeiro passo para tomar a decisão é buscar muitas informações sobre o tema. Também recorrente é a indicação do filme O Renascimento do Parto, do diretor Eduardo Chauvet, que, conforme as mães, pode mudar a visão que se tem dos nascimentos.
Encontre a doula
Na etapa seguinte, cresce a importância de contatar uma doula, que dá suporte emocional à gestante e à família antes, durante e após o parto.
– A palavra doula vem do grego e quer dizer “a mulher que serve”. É uma função muito antiga que está sendo resgatada hoje e ainda precisa ser difundida. Qualquer mulher com mais de 18 anos pode ser doula, e não precisa ter nenhuma formação técnica na área da saúde. É fundamental que seja um caminho vocacional, exige muita doação, pois o trabalho não é fácil, é cansativo, em qualquer horário, sem qualquer previsibilidade e rotina – destaca a doula Andrea Gabech.
Monte seu plano
Ao optar pelo parto humanizado, a tendência é procurar médicos obstetras que levantem essa bandeira. Há mulheres que chegam a trocar de médico por não compactuarem com suas ideias. A partir da definição da equipe, começa-se a traçar o plano de parto que inclui todos os desejos das mulheres – como quem vai cortar o cordão umbilical, quanto tempo o bebê ficará no colo – e dizem respeito tanto ao local do nascimento quanto à posição em que desejam parir. Se a opção for pelo parto domiciliar planejado, é fundamental contratar uma equipe de enfermeiras obstétricas. São elas que acompanharão a gestante semanalmente, desde a 36ª semana de gestação, e o parto. Essas profissionais respondem pela assistência ao bebê e à mulher em caso de urgência. Para isso, contam com aparato completo e planejamento minucioso:
– Sempre temos um plano de contingência. O plano A é o parto domiciliar; o B, remoção para o hospital sem urgência; e o C, remoção com urgência. Para tanto, no primeiro atendimento já traçamos um mapa que permite que o tempo máximo para chegar em um hospital seja de 30 minutos – descreve a enfermeira obstétrica Cintia Senger.
Quem opta pelo parto domiciliar não precisa de nenhuma ação prévia: a casa precisa apenas estar com a limpeza em dia. O custo desse serviço não é muito diferente do cobrado por um quarto privado em hospitais: gira em torno de R$ 6 mil. Já em hospitais, não há custo adicional por escolher o parto humanizado ou não. Em Porto Alegre, pelo menos três grandes hospitais apostam nesse tipo de assistência.
Divina Providência prepara seus profissionais desde 2007 para atender aos desejos das futuras mamães. Além do time especializado e da autorização para presença de doulas ao longo de todo o processo, disponibilizam acessórios e equipamentos para ajudar as mulheres a suportar as dores do trabalho de parto, como bolas, espaldar (equipamento com barras preso na parede usado para exercícios e alongamentos nas academias) e chuveiro, que são usados tanto para a realização de exercícios de alívio da dor quanto para banhos quentes relaxantes.
No Moinhos de Vento, que integra o projeto Parto Adequado, desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde, também há bolas, métodos não farmacológicos (uso de óleos para massagem, por exemplo) de alívio da dor e equipe treinada para auxiliar nos partos humanizados. As doulas são autorizadas a ingressar como segundo acompanhante não familiar – contudo, têm acesso limitado à sala pré-parto.
Já o Mãe de Deus cadastra doulas, que podem participar do momento do parto. A instituição também respeita o plano de parto das gestantes – desde que não coloque em risco a vida da mãe e do bebê – mesmo quando o atendimento é feito por um plantonista.
Os custos
• Doulas têm valores variáveis de acordo com o pacote que fecham com a gestante e a região em que atuam. Pode-se estimar um custo entre R$ 800 e R$ 1,2 mil para, no mínimo, três encontros antes do parto, assistência no parto e duas visitas depois do nascimento.
• Hospitais não cobram valor extra pela presença da assistência humanizada. Os valores giram em torno de R$ 5 mil e R$ 6,5 mil.
• Já os partos domiciliares, que incluem encontros semanais a partir da 36ª semana, assistência no parto – com o aparato de reanimação neonatal e material para caso de hemorragia da mãe – e três visitas após o nascimento, partem de R$ 6 mil.
Benefícios e riscos
Para o médico obstetra Claudio Mesquita Campello, do Hospital Divina Providência, a ideia da humanização do parto é entender a gestação e o nascimento como um evento fisiológico perfeito, no qual os profissionais da saúde só acompanham o processo.
– A equipe facilita justamente dando apoio contínuo e suporte para a gestante, oferecendo conforto físico e emocional.
Do ponto de vista materno, esse tipo de assistência estimula a socialização entre família e profissionais. Quanto às vantagens para o bebê, ele afirma que já foi comprovado que o clampeamento tardio do cordão umbilical (interrompimento da passagem de sangue), depois de pelo menos três minutos, diminui os riscos de anemia na infância. Mas Campello desencoraja os partos domiciliares:
– É muito arriscado. Podem ocorrer complicações, e os recursos só estariam disponíveis em um hospital. Um parto normal pode, a qualquer momento, evoluir para outra característica mais grave.
Alberto Trapani Jr., presidente da Comissão Nacional Especializada de Assistência ao Parto da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) reforça o alerta:
– Boa parte das complicações no parto ocorrem em gestantes sem fatores de risco importantes e com pré-natal normal.
Com base em dados de países desenvolvidos, como Inglaterra, Estados Unidos e Holanda, Trapani Jr. diz que o risco de sequelas neurológicas é quatro vezes maior nos partos domiciliares.
Na água
Dar à luz na água é uma possibilidade que divide opiniões. Na visão de doulas como Anna Cony, a água funciona como um anéstesico para as dores que a mãe sente – e também ajuda a transição do bebê, do útero para a vida aqui fora.
– Não é que a dor passe completamente, mas a água dá condições para que as dores passem melhor. O corpo relaxa, e só o útero contrai – explica. – Como o bebê está envolto pelo líquido amniótico, se ele nasce na água, o choque não é tão grande. É bom, as mulheres gostam. Mas há controvérsias, e (fazer um parto na água ou não) depende da doula que faz a assistência.
Poucos hospitais contam com banheiras para partos. Para as mães que fazem questão de ter o contato com a água, opções como um banho no chuveiro – primeiro, de casa, e depois da maternidade – ajudam no relaxamento. E, em alguns casos, a chegada do bebê pode acontecer ali mesmo:
– Há bebês que nascem no chuveiro do hospital. Se está tudo bem com ele e o médico que acompanha concorda, pode nascer ali.
No plano de parto de Luiza, Júlia Dal Santo solicitou liberdade para usar tanto o chuveiro quanto a banheira de casa durante o trabalho de parto, para amenizar as dores e relaxar.
Para Alberto Trapani Jr., presidente da Comissão Nacional Especializada de Assistência ao Parto da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a banheira não é aconselhável para o parto, de acordo com evidências científicas:
– Banheiras podem ser utilizadas para diminuir a dor apenas durante o trabalho de parto. No Brasil, a experiência maior é com o uso da água em forma de ducha morna ou quente. Já o nascimento dentro de banheiras é atualmente desaconselhável. Estudos publicados até agora não mostraram benefício materno ou fetal e existem relatos de graves complicações. Outras evidências alertam para um maior risco de lesões perineais, possivelmente pela dificuldade de o profissional assistente auxiliar na proteção do períneo ou diagnosticar algum problema.
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