Então, eu me vi diante desta página em branco pensando o que poderia ser relevante de se ler em um fim de semana. Tive vontade de escrever sobre o tédio (quem nunca?), mas ponderei que os leitores acordam felizes no fim de semana e dar de cara com uma coluna sobre tédio não seria a melhor das ideias.
LEITORES AGRADECEM, MARIANA!
Então, gravei um vídeo de dois minutos e postei na página do Facebook com um pedido de ajuda: “Por obséquio, sobre qual assunto vocês gostariam de ler em um fim de semana?”.
ME AJUDEM, POR FAVOR!
ALGUÉM AJUDOU?
MUITA GENTE!
NÃO SEI COMO AGRADECER
ELA ATÉ CHOROU
ADORA FAZER DRAMA
QUAIS FORAM AS IDEIAS, MARIANA?
Ah, deu de tudo! Desde a questão se mulheres devem ou não assumir seus cabelos brancos, passando por compulsão por chocolate, mulher moderna versus casamento, não desgrudar das redes sociais, viver com mais leveza, obrigação de ser feliz…
AMEI TODAS!
Escolhi para este fim de semana o tema “a obrigação de ser feliz”, ou, como cantou Frejat: “E que você descubra. Que rir é bom. Mas que rir de tudo. É desespero”. Então, enquanto pensava no assunto, me dei conta de que algo tem me incomodado demais: blogueiras.
HAJA PACIÊNCIA
Estou farta de viver topando com blogueira fitness de barriga negativa, blogueira de make cuja vida se resume a aprender a fazer o tal “contorno”, blogueira de look do dia de milhões de dólares, blogueira que vive de happy hour em happy hour, saracoteando pelo mundo e vendendo a felicidade de viajar de primeira classe e dormir cada noite numa cama de um hotel cinco estrelas – falsamente reclamando que a vida está dura e corrida demais.
NÃO AGUENTO MAIS ESSA GENTE
E você enquanto isso? Você está aí, feito eu, sentada, vivendo a vida real, trabalhando, pagando contas, acordando descabelada, decidindo o cardápio do almoço, fazendo o imposto de renda, gastando os tubos no supermercado, sem tempo sequer de pintar a raiz do cabelo.
MAIS OU MENOS ASSIM
Como diz uma escritora que muito admiro, Mariliz Pereira Jorge, o dia dessas blogueiras tem de sobra o que para muitas de nós é contado: tempo e dinheiro. Elas vivem para jogar na nossa cara um catatau de coisas que não precisamos e que não temos dinheiro para comprar. Um estilo de vida totalmente incompatível com a realidade.
OU NÃO?
Querem empurrar goela abaixo a ditadura da felicidade, onde ser feliz deixou de ser um simples desejo e passou a ser uma obrigação – retratada em selfies em redes sociais. Felicidade virou uma imposição de mercado.
TIPO SELFIE NO ELEVADOR
NÃO AGUENTO MAIS
E quer saber, especialmente você, Claudia Collares, que sugeriu este tema sobre a obrigação de ser feliz nos dias atuais? Não temos obrigação de nada – e toda essa felicidade plena vendida por aí não passa de ilusão. Ninguém é feliz o tempo todo; as pessoas têm problemas e não são o que parecem, sobretudo no Facebook. Seja feliz quando, onde, com quem e por quanto tempo quiser. Como diz o sociólogo polaco Sygmunt Bauman, é característica da pós-modernidade acreditar na ilusão de que a felicidade se compra. Ela não tem preço.
JAMAIS CUSTARÁ UMA BOLSA CHANEL