Não basta ver o desfile das escolas e dos blocos, é preciso apreciar os bastidores carnavalescos com os foliões nervosos, prontos para desfilar. Faz muitos anos, vi no Sambódromo do Rio uma linda mulata, andando pra lá e pra cá, prestes a entrar na avenida. Ela estava fantasiada de princesa da corte de Luis XIV. Sentindo-se admirada por mim, mudou a postura. Levantou o queixo e, incorporada à personagem aristocrática, dobrou o braço e apoiou a mão na cintura, com majestade.
O Carnaval brasileiro é mesmo único. Já passei esse período em Veneza. Nas ruelas à margem dos canais a gente vê, esgueirando-se pelas esquinas, homens e mulheres fantasiados de dominó (vestes negras) com variadas máscaras, de expressões trágicas até o luxo de plumas e paetês.
O fascínio do Carnaval brasileiro é muito vinculado à cultura africana, e agora estão de volta os blocos para expandir a alegria - compensação também destes tempos difíceis. Faz três anos que o publicitário Miltinho Talaveira está envolvido com o Carnaval de Rua de Porto Alegre, blocos e escolas de samba, sendo mestre-sala do bloco Maria do Bairro, o mais antigo da capital. A fantasia de Miltinho é concentrada na sua careca pintada em motivos tribais. Ele começou cedo como folião, quando a avó fazia suas fantasias, que a partir da adolescência eram criadas pelo próprio folião.
Na última terça-feira, Miltinho foi DJ da Ora Felice, o happy hour promovido pelo restaurante Peppo, com um "grito de Carnaval". Desta vez, o DJ apresentou uma seleção de lindas músicas de outros carnavais, seguidas de sambas-enredo das escolas porto-alegrenses do primeiro grupo. Sua preferida entre as marchinhas clássicas é A Pipa do Vovô. Miltinho salienta a importância do Concurso Nacional de Marchinhas, da Fundição Progresso, do Rio, para renovar o gênero.
Confetes serranos
Magnólia é o nome do novo point gastronômico de Canela, localizado numa mansão branca no alto de uma colina. O cardápio é pequeno, mas variado e gostoso, preparado pela chef Roberta Rech. A novidade é o cinema para 20 espectadores, com confortáveis poltronas e sofás e boa programação, a que se assiste tomando drinques com petiscos.
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Boa surpresa ao descer a Rodovia RS 115, no bairro Várzea Grande, deixando Gramado, é o Senhor da Mesa, um ponto que reúne utilidades apresentadas por Lurdinha Vendruscolo. É uma casa bem colorida que, em meio a panelas vermelhas e pequenas chaleiras de alumínio, mostra objetos inusitados. Exemplo? Um bulezinho típico do preparo de café turco, com longa haste de madeira. É ideal para servir molhos picantes, e o objeto gera sempre assunto em torno da mesa.