Maria é dona de uma academia. Dias atrás, final da tarde, uma funcionária veio com a notícia: Dona Maria, o vaso sanitário do banheiro feminino lá de cima entupiu.
Ela precisava resolver o problema na hora, e não teve dúvida. Ligou para o marido, claro. É isto o que a gente faz num caso destes: chama o homem da casa. Ele foi, o mais rápido possível. Olhou, mexeu, resmungou e... Não resolveu.
– Sei lá o que aconteceu aqui – disse, dando de ombros.
A Maria, claro, ficou ainda mais irritada.
– Eu sabia, você nunca conserta nada! – reclamou.
E chamou um entendido na coisa, um tal de "marido de aluguel". Em poucos minutos ele estacionou sua camionete na frente da academia e desceu, vestindo macacão cinza e um boné, com uma caixa de ferramentas na mão.
– Agora sim, senti firmeza – disse Maria, baixinho.
O marido deu graças a Deus, porque pôde voltar ao que estava fazendo antes, já que havia chegado um "homem de verdade" para desentupir a privada.
Eu saí de lá pensando nisto: mulher é bicho esquisito mesmo, já dizia Rita Lee.
Queremos que nossos maridos e namorados saibam fazer tudo o que consideramos serem "coisas de homem", o que inclui qualquer espécie de conserto – de geladeira queimada a pneu furado. Ah, eles devem estar, também, sempre dispostos a fazer o serviço mais pesado, e não podem sequer reclamar. E, se eles não têm jeito para a coisa ou simplesmente odeiam este tipo de serviço, passarão a vida ouvindo nossas reclamações – e não adianta trocar de mulher, porque, com raríssimas e honrosas exceções, somos todas muito parecidas.
Por outro lado, ficamos irritadíssimas quando os papeis se invertem. Eles que experimentem nos mandar para o tanque, dizendo que lavar roupa "é coisa de mulher"! Ou "pilotar um fogão em vez de dirigir um carro". Ai que raiva!
Eu, por exemplo, não sei, não gosto e não quero aprender a costurar. Fazer bainha em calça? Deus me livre. Nem sob tortura. Muito mais fácil levar na costureira.
Meu marido sabe dessa minha total falta de habilidade, e não reclama (pelo menos em voz alta, porque não é bobo). Ele mesmo faz a bainha (é sério, aprendeu quando morava sozinho), ou apela também para a costureira.
De maneira geral, os homens são mais descomplicados e, pelo menos a maioria dos que eu conheço, menos exigentes no que diz respeito às habilidades femininas. Aceitam uma mulher que cozinhe "mais ou menos" ou que não esteja sempre com um paninho na mão limpando a casa, porque eles sabem que isso não é o essencial num relacionamento.
Nós é que queremos tudo num único – e coitado – ser humano. Exigimos homens com "H" maiúsculo em todas as áreas e temos mais dificuldade para lidar com as imperfeições, principalmente com as deles. Talvez seja por isso que há tanta mulher sozinha por aí.