O que você, mãe, gostaria de ler no seu dia? Durante todo o mês de abril, cada vez que acessava o jornal no meu computador lia esta pergunta, e ficava pensando no que eu responderia, se me fosse feita a mesma indagação. Ninguém me perguntou, mas vou responder mesmo assim.
O que eu gostaria de ler no jornal, no Dia das Mães...
Nossa, tanta coisa. A primeira que me vem à cabeça: que os responsáveis pela morte do Bernardo, aquele menino gaúcho vítima de uma injeção letal, sejam exemplarmente punidos. Não tem como não desejar o pior para os assassinos. É feio sentir raiva, a gente tem que perdoar? Me desculpem, eu não consigo.
Queria ler que não existem mais filas de espera nos postos de saúde e nos hospitais – especialmente aqueles que são públicos e atendem crianças. É inadmissível haver dinheiro sobrando para coisas bem menos importantes (como futebol, por exemplo) enquanto milhares de crianças sofrem – e muitas perdem a vida – por falta de atendimento médico eficaz. Ficaria feliz em ler, também, que a desnutrição foi erradicada no Brasil. Uma mãe ver o filho definhar por falta de alimento é algo que não se pode mais admitir.
Queria receber a notícia de que todas as mães que saem desesperadas atrás de internação e tratamento para seus filhos viciados em drogas conseguem assistência e apoio da rede pública. Conheço mães que têm medo de ficar em casa quando o filho surta porque quer mais dinheiro para manter o vício. Ou se vê obrigada a acorrentar o filho dentro de casa para que ele não saia e corra o risco de morrer ou ser morto. Mãe alguma merece viver assim.
Gostaria de não ter que ler nunca mais sobre mães que perderam seus filhos para traficantes, ou jovens que tiveram a vida interrompida em acidentes de trânsito, ou foram vítimas de agressões e estupros, ou ainda que foram assistir a um jogo de futebol no estádio e não voltaram mais para casa, vítimas da estupidez de outros torcedores. Mãe nunca deveria enterrar um filho - ainda mais quando esta morte poderia ser evitada.
Também adoraria ler, neste domingo tão especial, que não existem mais mães maltratadas e abandonadas – seja em suas próprias casas, seja morando "de favor" na casa dos filhos ou internadas em asilos. Um beijo e um abraço apertado são os melhores presentes no Dia das Mães, mas para ter valor é preciso que seja um carinho sincero, que venha do coração.
por Viviane Bevilacqua