A família que ainda não tem um pet costuma ter trabalho para driblar a insistência das crianças em ganhar um animal de estimação, pedido que pode gerar algumas discussões. Já dá para realizar essa vontade nesse ano ou é preciso esperar mais um tempo?
Por parte dos pais, os argumentos são quase sempre os mesmos: os cuidados que um pet exige, o compromisso em cuidar, as viagens de férias, o hotel para o bichinho, a higiene do local, os móveis roídos e por aí vai.
Para tentar equilibrar o peso dessa balança e chegar em um consenso, seguem aqui seis tarefas educativas que podem ser divididas com crianças maiores — sob supervisão de adultos. Tais rituais podem contribuir para o público infantil entender melhor a relação entre pessoas e animais de estimação, assim como as responsabilidades de ter uma criatura viva e cheia de necessidades debaixo do mesmo teto.
E a pergunta seguinte é essa: será que as crianças da casa já estão preparadas para encarar esse desafio?
Horário para comer
Uma pessoa até pode ficar mais tempo na cama aos finais de semana e não tomar café da manhã, mas saiba que pular uma refeição, para o pet bebê, é motivo de grande angústia. Em idade de crescimento, filhotes necessitam de rotina quando o assunto é comida e alguém na casa terá que se comprometer em acordar e oferecer alimento ao animal. Existem comedouros automáticos, mas não são todas as famílias que têm essa facilidade.
Limpeza de dejetos
Cachorro e gato, quando filhotes, fazem uma sujeira danada, mas sujeira mesmo, misturando brinquedos com água e rasgando cobertores. O cheiro de fezes e urina complica tudo. Aliás, odores são os grandes vilões que, se não impedem, retardam a chegada do pet na família. Todas as manhãs alguém tem que limpar essa sujeira que, às vezes, também ocorre de tarde e de noite em função das brincadeiras do bichinho.
Educar onde fazer xixi
Seja na rua ou em dentro de casa, ensinar um pet o lugar exato de fazer xixi pode exigir bastante dedicação. Alguns até vêm de seus canis sabendo o que é um tapete higiênico, o que facilita a vida do novo tutor, mas cães provenientes de abrigo podem achar sua casa um penico gigante e exigir, em um primeiro momento, que alguém leve o pet para aliviar a bexiga sobre a terra ou grama cinco vezes por dia quando filhote.
Ficar sozinho em casa
Alguns pets podem ter o complicado costume de uivar ou fazer "aquele" estrago em móveis e acessórios quando ficam sozinhos em casa. Esse costuma ser o pavor número dois de quem não quer ter animais em casa, perdendo apenas para o odor.
Para complicar, sempre tem um vizinho de porta para conferir mais peso à situação. Para reduzir esse conflito, é bom saber se esse mascote já tem o costume de ficar sozinho. Se ele vai sair do ninho quentinho em que dormia com os irmãos, os cuidados serão redobrados. Algumas raças são reconhecidamente bagunceiras e isso perdura por longos dois anos. O labrador é um deles.
Banho
Banhar um mascote não é tarefa para qualquer um. Banho exige um pouco de técnica ou o resultado será apenas molhar o animal com água (e se for peludo ficará com odor ainda mais forte do que se não tivesse tomado banho). O ritual exige paciência e comprometimento, o que nem todos os tutores conseguem ter, razão pela qual pipocam tantas petshops por aí. Crianças podem achar divertida a molhaçada proporcionada pelo banho do mascote, mas os cuidados são constantes e isso inclui não lavar os ouvidos. Por conta disso, banho no mascote segue sendo tarefa de adulto por um longo tempo.
Hospedagem
Para aqueles que, por qualquer motivo, não podem estar sempre acompanhados de seus mascotes nas férias escolares, é necessário levar uma conversa séria com a tia, a sogra ou a babá das crianças. Alguém terá que ficar duas semanas com o mascotes nas festas de final de ano. E não vale desistir depois. Ainda que o pet fique em hotelzinho, uma passagem prévia se faz necessária para ele não ficar triste ou assustado demais na primeira vez em que pernoitar fora do lar.
E, se a chegada do mascote for agora, no dia 12 de outubro, lembre-se de que ele ainda será filhote no Natal e talvez não tenha todas as vacinas necessárias exigidas por um hotel para animais. Por conta disso, terá que ficar com outra pessoa.
A responsabilidade é do adulto
Moral da história: para quem está pensando em acolher um animal de estimação em casa, não conte com a colaboração de crianças para cuidar dele. Cabe lembrar que um pet mal ajustado à família torna-se um potente candidato a ser um animal doado para terceiros, pessoas que perdem, dessa forma, a chance de educar o filhote desde cedo dentro dos moldes de sua família.
Pense nisso. Adote consciente. Crianças amam brincar com animais e pode ser gratificante e até divertidíssimo compartilhar a vida com eles. Contudo, a responsabilidade sobre o bem-estar animal segue sendo uma tarefa destinada ao público adulto.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação.