Cachorros e fogos de artifício não combinam. Festas de final de ano são sempre um drama para animais com ouvidos mais sensíveis.
Nessa época, não é raro os proprietários voltarem para suas casas e encontrarem seus cães debaixo dos móveis, às vezes até feridos. Isso ocorre quando há tentativa de se proteger ou fugir dos estouros.
O barulho, que nem sempre agrada a nós, seres humanos, perturba de maneira ainda mais forte os pets de grande porte. Neles, as orelhas funcionam como uma antena parabólica. E não é coisa de filme: eles se assustam mesmo.
Já filhotinhos com poucas semanas de vida e cães de porte menor e com orelhas pendulares, como pequinês, coocker e poodle, não se incomodam tanto assim quanto seus companheiros maiores e de orelhas em pé. Eis a grande diferença entre uns e outros!
Não sabe como lidar com essa situação? Veja algumas dicas:
Se você vai ficar em casa...
# Lembre-se que rojões já começam horas antes da meia-noite. Isso pode ser o início de uma verdadeira perseguição aos ouvidos de seu pet. Sendo assim, esteja atenta ao comportamento dele já no final da tarde;
# Deixe-o se esconder em um lugar da casa onde se sinta seguro. Antes disso, verifique vidros fechados (ajudam a abafar o som) e dê preferência às persianas baixadas;
# Não o deixe no escuro e permita saber que você está pela casa;
# Às vezes se obtém algum sossego quando há outra fonte sonora ligada na casa, como rádio ou televisão;
# Mimá-lo não é uma alternativa saudável. A longo prazo, cachorros com medo de fogos de artifício podem se tornar extremamente dependentes de colo;
# Com o intuito de tranquilizá-lo, tratá-lo com voz firme e segura ajuda a compreender que os ruídos, embora ensurdecedores, não vão capturá-lo. Um proprietário tranquilo no momento dos fogos é uma boa forma de transmitir serenidade ao seu pet;
# Verifique se seu cão pode, acidentalmente ,se bater na madeira de móveis quando estiver debaixo deles em busca de abrigo. Às vezes uma simples cadeira ou uma cama inofensiva podem se revelar armas perigosas para um pet em pânico.
Se você vai sair de casa…
# Faça uma boa análise dos riscos de ferimentos e fuga. Aliás, alguns cães já se tranquilizam apenas pelo fato de estarem escondidos;
# Se ele tiver um local para se esconder, certifique-se de que o refúgio eleito por seu cão está desobstruído;
# Jamais o deixe no escuro;
# Não o deixe em ambientes que ele possa derrubar objetos sobre si mesmo, como armários e escadas;
# Edredons nos quartos e o cesto de roupas (se o local eleito for a área de serviço) são potencialmente perigosos. Como resultado do pânico, ele pode roer, se enrolar e até se asfixiar;
# Se o cão ficar no pátio de casa, tenha atenção redobrada com piscinas e. sobretudo. na hora de estacionar o carro na garagem. O mascote pode estar solto e fugir quando você abrir o portão ou ainda ser atropelado pelo seu próprio dono;
# Pondere se não vale a pena seu cão passar a noite em um hotel. Se for na cidade, saiba com os donos do estabelecimento qual é o procedimento adotado nas noites de celebração coletiva.
Por fim, cabe salientar que o treinamento de dessensibilização consiste em fazer com que seu cão perca o medo do barulho que fere seus ouvidos, o que não quer dizer que ele não ficará incomodado. Mas se você já sabe que seu mascote é daqueles que se debate, uiva e cava o chão quando exposto a ruídos, o uso de sedativos pode ser previamente avaliado por um médico veterinário.
Boas festas!
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com