O novo diretor artístico da Gucci, Sabato de Sarno, fez sua estreia nesta sexta-feira (22), em Milão. Em seu primeiro desfile, ele apresenta uma coleção clássica e feminina com a qual a marca quer dar um novo impulso às vendas do grupo francês Kering. O designer trouxe à passarela desenhos austeros e atemporais, com os quais pretende encarnar um retorno às origens da grife.
Os modelos desfilaram com diferentes peças de couro, saias longas, jaquetas monocromáticas e camisas listradas, em uma mostra que teve a apresentação do músico britânico Mark Ronson e da qual participaram famosos de Hollywood como Julia Roberts e Ryan Gosling.
A paleta de cores também passou do cinza ao azul marinho, do preto ao branco e o bordô, verdadeiro fio condutor desta coleção, intitulada "Ancora" ("Ainda" em italiano).
"A história de um todo, a história de um todo que ainda se expressa por meio da alegria", explicou De Sarno sobre o espírito de sua coleção.
A presença de inúmeros vestidos com couro provocou críticas por parte de coletivos de proteção animal, cujos protestantes mostraram no final do desfile um cartaz com a mensagem "Ban exotic skins" ("Banam os couros exóticos).
Novo capítulo criativo
A estreia do estilista ocorre em um momento de mudanças e incerteza na Gucci e sua empresa-matriz, Kering. A saída de Alessandro Michele em novembro de 2022 deixou um vazio substancial, mas a marca decidiu substituí-lo por De Sarno, que já trabalhou para Prada, Dolce&Gabanna e Valentino.
"Muitas coisas estão acontecendo na Kering", explica à AFP Luca Solca, especialista em moda e luxo da consultoria Bernstein, que menciona "a tentativa de dar um novo impulso à Gucci", "a modernização da organização dessa marca italiana" e "uma nova equipe dirigente no grupo Kering".
A designação de De Sarno como diretor artístico da Gucci não foi a única mudança relevante para a marca, mas também a nomeação do francês Jean-François Palus como CEO.
O grupo de luxo Kering sofreu no primeiro semestre deste ano uma queda de 10% em seu lucro líquido, a € 1,78 bilhão (quase R$ 9,4 bilhões), em parte devido à uma diminuição de 1% das vendas da Gucci. Segundo Solca, "a mudança mais importante de longe é o novo capítulo criativo da Gucci. Se isso funcionar, a Kering funcionará".