Um novo olhar sobre as tendências é o caminho que o Salão Inspiramais propõe para a moda. A mostra ocorre no centro de eventos da Fiergs, em Porto Alegre, nesta terça (24) e quarta-feira (25). Em sua 27ª edição, conta com mais de 150 expositores de todo o Brasil, com materiais com foco na inovação e sustentabilidade para a indústria de vestuário, calçados, acessórios, mobiliário, linhas para pets e outros segmentos.
De acordo com Walter Rodrigues, estilista e coordenador de Pesquisa e Design da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), realizadora do Inspiramais, um dos pontos-chave nos conceitos atuais é a libertação em termos de estilo. Ele afirma que as pessoas têm buscado, cada vez mais, uma identidade dentro dos seus parâmetros.
— Agora é a tendência que você escolheu, aquela que você quer, que você veste e que te faz feliz. Que combina com o seu corpo, com o seu dinheiro. A tendência quem faz é você — explica.
Walter comanda o trabalho de uma equipe que pesquisa o comportamento contemporâneo, baseada em aspectos socioeconômicos, políticos e sociais. A partir desse estudo, se desenvolvem as propostas que inspiram a criação de componentes.
Organizado em três faixas de uma pirâmide, o trabalho começa nas ideias inovadoras, em 10%, evoluindo para os pontos em fase de desenvolvimento, com valor 30%, e culmina na “massificação”, 60%. São cerca de dois anos de estudo para chegar às apostas mais fortes para o varejo, apresentadas no Inspiramais.
Em relação às perspectivas que o grupo expõe na edição deste ano, o estilista pontua que a geração Z assume um posto de consumo mais autêntico.
— É quase que uma ação libertária daquela da adolescência, em que você tem que ter o mesmo moletom da turminha do colégio. Você começa a querer descobrir quem é, trazer sua personalidade. Todos os movimentos de moda não-binária, de agênero e da possibilidade de todos os corpos serem bem vestidos têm ajudado a moda a se libertar e a trazer para as pessoas o que elas querem vestir — explica.
Enfim, um respiro
Conforme o profissional, o fim da pandemia traz uma sensação de libertação que se reflete também na moda. O colorido fica de lado e começa a dar espaço a materiais mais leves, sensuais e cores mais sóbrias.
— Existe uma sensualidade no ar, pois a partir do momento que você se liberta do medo, de todas as questões que a pandemia trouxe, esse apelo vem muito forte. E esse momento coincide com ondas de conforto, de otimismo, de festas, de encontros. Sobre as cores, eu diria que são os empoeirados, um pastel meio sujo, que vai invocar de certa forma essa leveza e essa sensualidade. Lembram tons de lingerie — conta.
Texturas
A valorização do sensorial deve se manter firme ainda em 2024. Walter explica que o pelo, as texturas mais fortes e os enrugados deve se destacar nas matérias-primas. Já os efeitos luminosos, de acordo com o estilista, devem se impor ainda mais.
— Tem muito brilho e acho que se refere a esse momento de explosão, de felicidade, de alegria, de otimismo, de festa. A gente vê uma base de muito paetê no inverno, com cores mais sóbrias, tons metalizados, sem muitas regras — diz ele.