A causa do edema pulmonar que matou o modelo Tales Cotta durante desfile na 47ª São Paulo Fashion Week (SPFW) foi uma doença no coração provavelmente desconhecida pela família. A informação foi apontada por laudo necroscópico obtido pelo G1. O documento também descarta a presença de drogas e álcool no organismo do jovem de 25 anos.
Tales caiu na passarela durante o desfile da marca gaúcha Också, foi atendido por socorristas e levado ao hospital, mas não resistiu. O caso, ocorrido em uma das semanas de moda mais importantes do mundo, repercutiu também fora do país.
Segundo o G1, o laudo, feito pelo Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Técnico-Científica, será anexado ao inquérito que investigava a morte do rapaz. É provável que o caso seja arquivado já que não há crime. A reportagem ouviu três médicos que comentaram o resultado do exame sob a condição de anonimato. De acordo com eles, o documento não especifica qual doença cardíaca Tales tinha, mas indica que sua morte aconteceu devido a um problema no coração que evoluiu para um edema pulmonar agudo, acumulando líquido nos pulmões. A situação, segundo os profissionais ouvidos pelo G1, é bastante incomum em jovens da idade da vítima.
O responsável pela agência de atores e modelos do rapaz, Rogério Campaneli, já havia se pronunciado publicamente dizendo que os médicos do hospital que atenderam Tales suspeitavam da existência de uma doença congênita.
— Os médicos que conversaram com a gente falaram que, quando o Tales caiu, a morte cerebral já existia. Tentaram durante uma hora e 20 minutos a reanimação do coração. Mas o socorro não iria adiantar — disse Campaneli.
Na época, a mãe do jovem, Heloísa Cotta, disse que o filho tinha boa condição de saúde e fazia exames periódicos.
Relembre o caso
Tales Cotta, nome artístico de Thales Soares, morreu depois de cair na passarela durante desfile da SPFW em 27 de abril. Em um primeiro momento, devido à forma como caiu e pela espuma em sua boca, a suspeita era de que ele havia sofrido um ataque epilético. Logo após a queda, a música cessou e a brigada de emergência invadiu a passarela para socorrê-lo. Tales foi levado ainda com vida a uma ambulância na parte externa do Arca, espaço na zona oeste de São Paulo onde ocorrem os desfiles. Os bombeiros tentaram reanimar o modelo no local, antes que ele fosse levado ao Pronto Socorro Municipal da Lapa.
Modelos que participavam do evento afirmaram que ele estava bem antes de entrar no desfile, mas nervoso. Por volta das 19h, a Luminosidade, empresa que organiza a SPFW, emitiu um comunicado informando da morte do modelo em decorrência de um mal súbito.
O episódio provocou uma crise sem precedentes na São Paulo Fashion Week. Diversas notas foram divulgadas após o incidente, reiterando os supostos esforços do evento no apoio à família. Uma delas tentava minimizar os protestos que tomaram conta das redes sociais pelo fato de o evento ter seguido mesmo após o incidente. O comunicado justificava a decisão de não interromper os desfiles, lembrando que o modelo "foi levado ao hospital com vida, sem indicação que viria a falecer".
O modelo mineiro trabalhava para a Base MGT, agência de São Paulo, desde setembro de 2017. O desfile fatídico era sua segunda participação na SPFW.