Vitorino Campos acaba de completar 31 anos, mas já acumula uma invejável década a serviço da moda. Foi em 2008 que o estilista baiano viu nascer a marca que leva o seu nome – estava ainda no terceiro período da faculdade quando suas primeiras peças começaram a ser vendidas em lojas multimarcas locais. Dois anos depois, sua etiqueta já estava no line-up do Dragão Fashion Brasil, semana de moda de Fortaleza que está entre os principais eventos do calendário nacional.
Da primeira peça estampada com a sua própria logomarca até a estreia na passarela da São Paulo Fashion Week, foram apenas quatro anos. Feitos que, em um mercado competitivo como o da moda, reforçam o talento de Vitorino como um dos principais nomes da cena fashion brasileira. E com uma proposta não óbvia: ele já bebeu em fontes como um disco experimental de Caetano Veloso e a obra com pegada filosófica do cineasta Terrence Malick. Sabe como poucos unir a simplicidade com a sofisticação.
Justamente pelo olhar apurado, atento aos desejos do agora, Vitorino Campos foi o nome escolhido como diretor criativo da Animale, uma das marcas de moda de maior expressividade no país. Desde 2014, as criações que as gaúchas conferem nas lojas de Porto Alegre (no Iguatemi, Moinhos Shopping e BarraShoppingSul) e Novo Hamburgo (Outlet Off Premium) são assinadas pelo baiano, que acaba de passar pelo Estado para uma palestra na Maratona MMX, no dia 7. O tema não poderia ter sido outro: seu processo criativo para comandar o estilo de duas grifes simultaneamente. Quando se dá conta de que já completa uma década entre croquis e modelagens, é um susto:
– Tudo aconteceu muito rápido. Nem percebia, no meio de tanta correria, para onde a coisa estava caminhando. Foi realmente um período de muito trabalho e alicerce de marca – conta o estilista, em papo com Donna.
Para marcar o aniversário de sua etiqueta, Vitorino Campos “reativou” a marca própria em uma parceria bacana com a Animale. Desta vez, porém, deixou sua alfaiataria street de lado para se dedicar aos acessórios. De sapatos e mochilas a brincos e colares, recuperou sua essência com peças que fazem bonito tanto para elas quanto para eles.
– Transformar a marca em acessórios foi algo novo, uma surpresa. Mas eu já estava apaixonado pelos acessórios. Estamos tendo um retorno muito positivo. Estou adorando esse universo – afirma Vitorino.
Como um dos designers que ajudaram a fortalecer a estética genderless no Brasil, Vitorino deixou para trás qualquer ligação de gênero na hora de criar as peças de sua etiqueta homônima. A pochete é para quem quiser provar e incorporar ao look, assim como o colar. Sem rótulos.
– Não trabalho mais com roupa masculina e feminina. Deixamos o trabalho mais livre e solto. Pensamos em shapes e em acessórios que não sejam para homem ou mulher, mas para quem quiser usar. Como são acessórios, isso facilita que o grande público entenda de uma forma mais fácil – diz. – Temos um caminho difícil a percorrer dentro do mercado de moda brasileiro, para chegar nesse resultado no futuro, mas de forma tranquila.