Na 29ª semana de gestação do primeiro filho,a apresentadora Titi Müller é mais uma das gestantes que precisou rever planos. Seguir trabalhando no último trimestre de gestação, por exemplo, não foi possível: para gravar o programa BBB, a Eliminação, que conduzia no canal por assinatura Multishow - e agora participa via videochamada -, era preciso encarar a ponte aérea de São Paulo, cidade em que vive, para o Rio de Janeiro, onde ficam os estúdios da emissora.
Em isolamento há quatro semanas, ela, que não havia cogitado dar à luz Benjamin em casa, hoje dedica-se a estudar o que pode sobre parto domiciliar. Ainda não decidiu se será sua escolha, mas a busca por informações tem sido uma das formas que encontrou para lidar com os percalços do período que vivemos.
– É louco estar gerando uma vida em um mundo que está transpirando morte, mas renascendo também. São sentimentos ambivalentes. A maternidade por si só é abrir mão do controle total, mas para essa falta de controle ninguém estava preparado – confessa, em entrevista por telefone. – Não sou a primeira nem a última que vai parir numa situação dessas. Mulheres pariram em situações extremas desde que o mundo é mundo. Tem que confiar no processo da vida.
Para aplacar a ansiedade, o foco tem sido em cuidar de tudo o que não tinha tempo na rotina. Na companhia do marido, o músico Tomas Bertoni, a gaúcha pintou o quartinho de Benjamin. Conseguiu organizar as roupinhas, todas doadas de uma amiga que teve bebê há poucos meses e do sobrinho Martin, filho da atriz Tainá Müller. Não deu tempo de preparar o enxoval, e essa é só mais uma das tarefas "não-cumpridas" da lista de desapegos:
– Estou quebrando e desfazendo as expectativas para ver o lado positivo. A gente não precisa de nada que não esteja aqui. Precisa de um mínimo de roupinhas, do meu peito e do nosso amor. Estaremos com foco em nós e no bebê, e isso em outra situação talvez não pudéssemos ter.
Para ela, o que fará falta é a rede de apoio que havia preparado para encarar o puerpério. Além da mãe e das irmãs da gaúcha, Tainá e Tuti, o casal contaria com o auxílio da mãe do guitarrista. Ainda é cedo para prever, já que as orientações dos órgãos de saúde mudam conforme os rumos da pandemia no país, mas Titi se prepara para encarar a jornada apenas com o marido e, talvez, a mãe. E tenta ver o lado positivo:
– Muito da angústia do puerpério é a mãe se sentir abandonada, em casa, sozinha, enquanto o mundo inteiro acontece. Mas o mundo inteiro está vivendo esse puerpério. Vai ter vários perrengues, claro, mas em relação a isso é interessante passar por esse período agora. Muito do trauma dos primeiros meses é a mudança radical do que acontece. Querendo ou não, estou tendo uma mudança gradual – analisa. – A sensação que dá é que, se a gente passar por tudo isso agora, vai conseguir passar por qualquer coisa na vida.