Você, mãe, já se sentiu constrangida por algum comentário alheio a respeito de seu comportamento em relação ao seu filho? Isso tem nome. É “mom-shaming”, uma expressão em inglês que significa constranger mães com críticas sobre a maneira como encaram a maternidade.
No ano passado, uma pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, revelou o impacto dessas opiniões: mais da metade das entrevistadas relatou ouvir críticas sobre o modo como criam seus filhos, principalmente em relação a questões como disciplina e alimentação das crianças. O que mais incomoda é o fato de as críticas partirem, em grande medida, de pessoas próximas. O resultado? Quem supostamente queria ajudar acaba abalando a segurança dessas mães.
Levamos essa discussão ao Grupo de Mães de Donna no Facebook e as participantes aproveitaram a deixa para desabafar e mostrar como essa crítica as afeta no dia a dia.
"Fui bastante recriminada por não amamentar em livre demanda e complementar com fórmula. As pessoas não entendiam que era uma escolha minha, orientada pelo pediatra. Me achavam egoísta e pouco persistente, já que amamentei por apenas seis meses. Outra questão que me marcou foi o julgamento por colocar meus filhos na escolinha desde cedo, sendo que eu poderia ter deixado com as avós. Toda mãe já foi julgada de alguma forma, nós mesmas nos julgamos, sem perceber. Mas o fato é que cada mãe tem a sua forma de conduzir a maternidade, é um direito de cada uma".
Louisiane Carvalho, 43 anos, publicitária e gestora do @mãesemlimite, mãe de dois meninos de nove e três anos
"Eu me senti julgada em dois momentos, um deles por estar com a minha filha e, no outro, justamente por não estar com ela. Quando a bebê tinha 10 dias, saímos para passear com ela no carrinho, bem protegida. Ao encontrarmos uma conhecida do bairro, escutamos um “boa sorte” bem irônico ao falarmos o tempo de vida dela. Voltei pra casa na mesma hora e chorando. No segundo momento, aproveitei uma soneca da minha filha para passear com nosso cachorro, tentando aos poucos voltar à minha rotina de boas caminhadas com ele. Ao encontrar outra conhecida do bairro, escutei: “Ué, já passeando com o cachorro? E a bebê onde está?”. Me senti mal por estar na rua passeando com meu cachorro. Mas depois me dei conta de que a bebê estava em casa, com meu marido, e que nós dois achamos que seria bom para mim sair de casa sozinha um pouco. O que me impressiona é a quantidade de pessoas que fazem a mesma pergunta e sempre com tom de recriminação".
Letícia Fazenda Viebrantz, 29 anos, arquiteta, mãe de uma menina de dois meses
"Já passei por alguma situações, pois não consegui amamentar e acabei usando mamadeira. Mas a mais recente, e que me chocou mais, foi ouvir de outra mãe que “não era fácil ser mãe de verdade”, já que ela passava o dia todo com o filho, enquanto eu optei por colocar o meu na creche, já que não abri mão da minha carreira. Detalhe: meu filho foi para a creche com um ano, até lá ficou em casa, pois reduzi minha carga horária para ficar com ele".
Juliana Saboia, 35 anos, professora de Administração e consultora de carreira, mãe de um menino de um ano e nove meses
"Já fui criticada por sair sem o filho, esticar a noite em uma festa, trabalhar em horários não convencionais, postar nas redes sociais conteúdos de “guria solteira e sem filhos”, não abrir mão de nada da vida mesmo com o baby, levar o filho junto para o bar, sair com as amigas e deixar o pequeno com o pai em casa, ter amamentado somente (?) até os nove meses, jogar futebol toda semana. A lista é infinita e diária. Minha sorte é que aprendi rápido a fazer cara de alface, mas no início foi bem difícil".
Fernanda dos Santos Vaz, 31 anos, jornalista, mãe de um menino um ano e sete meses