Assunto delicado o de hoje: em alguns casos, embora a gravidez tenha sido muito desejada e planejada, a chegada de um bebê muda totalmente a rotina do casal. Novas responsabilidades e novas funções surgem e podem causar um impacto negativo na vida a dois caso algumas atitudes não sejam observadas.
Mas afinal, o que acontece com o casal após a chegada do bebê?
A psicóloga e psicoterapeuta Iara L. Camaratta Anton explica que, apesar de toda a alegria que uma criança geralmente traz, é inevitável e necessário um processo de adaptação no casamento para evitar os desgastes da transição. Vamos passar por alguns tópicos para entender o que ocorre e superar eventuais problemas.
EXISTE UMA ADAPTAÇÃO À NOVA REALIDADE
A chegada de um bebê exige mudanças na distribuição do espaço físico e do tempo. Isso implica em ganhos e perdas – e exige uma boa margem de tolerância a frustrações e capacidade de adaptação a situações novas. A criança depende de cuidados permanentes para sobreviver e para se desenvolver. É muita responsabilidade, o que pode deixar alguns casais assustados.
CUIDADO COM OS CIÚMES
Alguns casais têm extrema dificuldade em lidar com triângulos, de modo que duas partes se apegam e outra fica afastada. Exemplos: mãe e pai x bebê; mãe e bebê x pai; pai e bebê x mãe: família da mãe (ou do pai) e bebê x família do "outro". Um dos dois se apodera e o outro se sente excluído.
EVITE A INTROMISSÃO DE TERCEIROS
Muitas pessoas se intrometem, dando conselhos e tomando iniciativas que desfavorecem a ambos.
NÃO DEIXE A LIBIDO DE LADO
As mudanças corporais e psíquicas (causadas também pelo cansaço, falta de sono e da rotina de cuidados com o bebê) podem implicar em diminuição temporária da libido e, consequentemente, ao afastamento do casal.
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DESCONECTE-SE SÓ DO MUNDO INFANTIL
A mãe, especialmente no período de licença-maternidade, acaba entrando "de cabeça" no universo infantil, já que passa 24h de seu dia envolvida nos cuidados com a criança como troca de fraldas, amamentação, banho e etc e acaba se sentindo isolada do mundo.
O que pode ser feito para viver essa etapa da melhor forma possível e não deixar que a chegada do filho afete a sintonia do casal?
– Dar-se conta de que desejar um filho muitas vezes é algo fantasioso, tal como adquirir um automóvel novo ou a realização de um sonho qualquer. Filho é "gente" e pressupõe que o casal tenha maturidade suficiente para se adaptar às necessidades do bebê, sem se deixar subjugar pelas suas ansiedades pessoais. O bebê cresce e se adapta, assim como nós nos adaptamos a ele. E ele não necessita de pais perfeitos: apenas de pais capazes de amá-lo, de se encantarem com ele, de curtirem cada novo momento, além de se valorizarem mutuamente.
– É interessante que o casal se "escute" e que vá buscando, pouco a pouco, dar atenção a outros temas, que não exclusivamente os relativos ao bebê.
– Cuidar da saúde, do bem-estar e da sua vaidade favorece a autoestima e a autoconfiança, além de fazer parte da "arte da sedução", que aquece a vida a dois.
- Queixas de um em relação ao outro não ajudam em nada. É preciso ser mais proativo, descrevendo ou pontuando exatamente e em poucas palavras os sentimentos e desejos. Por exemplo: "Sinto muito a sua falta" (em lugar de "Você não me dá atenção") e "Vamos dar uma caminhada juntos?" (em vez de "nunca mais saímos de casa sozinhos").
- Criticas, correções e tentativas de enquadrar o parceiro em seus próprios moldes são muito desestimulantes. E mais: pai não é ajudante de mãe, não é um mero auxiliar – ser participativo e corresponsável é ocupar o seu devido lugar na família.
Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.