Eleita Miss Grand Brasil 2024 na noite da última quinta-feira (8), a gaúcha Talita Hartmann, 27 anos, diz que tem vivido "os melhores e os piores dias de sua vida" desde a realização do concurso. Isso porque, apesar da alegria de conquistar a coroa, a representante do Rio Grande do Sul vem sofrendo com ataques nas redes sociais.
— Infelizmente, muitas torcidas e personalidades ligadas ao mundo miss não apoiam a minha eleição — diz Talita. — Tem páginas me difamando, distorcendo coisas e inventando mentiras. As pessoas perdem a noção na internet, gente que nem me conhece me chamando de lixo, dizendo que era melhor eu ter morrido. Queria que fosse um momento de alegria, mas está sendo de profunda tristeza. Tudo isso por conta da maldade das pessoas.
A gaúcha de São Vicente do Sul venceu outras 26 candidatas na disputa pela faixa de Miss Grand Brasil 2024. A segunda colocação ficou com a Miss Mato Grosso do Sul, Loraine Silveira, e o terceiro lugar foi para a Miss Alagoas, Laila Vieira. A decisão dividiu opiniões nas redes sociais.
Talita, que atua no meio da moda e da beleza há mais de uma década, diz estar acostumada a lidar com as críticas, mas frisa que "tudo tem limite". Ela estuda levar os ataques recebidos às autoridades:
— Vou conversar com a organização (do Miss Grand Brasil), mas pretendo levantar essa pauta, porque a internet não pode ser uma terra sem lei. Há casos que precisam ser registrados em boletim de ocorrência.
Queria que fosse um momento de alegria, mas está sendo de profunda tristeza
TALITA HARTMANN
Miss Grand Brasil 2024 sobre as críticas que vêm recebendo depois de ganhar o concurso
Trajetória
Natural de São Vicente do Sul, na região central do Estado, a Miss Grand Brasil 2024 começou a trabalhar como modelo aos 14 anos. Ela foi descoberta pelo agente Dilson Stein (o responsável por revelar Gisele Bündchen) a partir de uma foto no Orkut do irmão. Os olhos verdes e a altura propícia à passarela (Talita tem 1,88m) contaram a favor da gaúcha, que estreou no Japão, ainda com 14 anos, e trabalhou em mais de 10 países na última década.
Já a entrada no mundo dos concursos de beleza parecia estar "premeditada". Talita conta que, na ocasião de seu nascimento, a mãe ouviu de um médico que ela "ainda viraria miss". Segundo a gaúcha, aquela foi a forma encontrada pelo profissional para tranquilizar sua mãe, já que ela havia nascido prematura.
— Tudo o que a minha mãe não queria ouvir naquele momento era o médico falar algo assim, tão fútil (risos). Mas, no fim, eu virei mesmo uma miss — diverte-se Talita. — Hoje em dia, ser miss é muito mais do que ser uma mulher bonita. É preciso ter autenticidade, saber olhar com carinho para o próximo e entender a dor do outro.
Talita se prepara para disputar o Miss Grand International em outubro. A etapa mundial do concurso será realizada em dois países, Tailândia e Camboja, reunindo candidatas de todos os continentes.
Em entrevista à revista Donna, ela fala dos preparativos, analisa sua trajetória e reflete sobre as dificuldades enfrentadas nos primeiros dias do reinado.
Confira a entrevista com Talita Hartmann:
Você começou cedo nos meios da moda e da beleza, que são de muita pressão. Como você trabalha o seu psicológico?
Desde os meus 14 anos eu lido com a pressão psicológica. Já são 12 anos no mercado da moda, sofrendo com a pressão, superando desafios e lidando com as críticas de pessoas que tentam me diminuir. Não é fácil, mas eu me apego muito em Deus. Entendo que Deus só me permitiu conquistar a coroa do Miss Grand Brasil nesse ano tão concorrido, de troca da organização, por um propósito. Ele sabia que eu era capaz de lidar com isso.
Na etapa nacional, o seu traje típico, inspirado na pilcha gaúcha, emocionou muita gente aqui no Sul. Como foi esse momento para você?
Fiquei muito emocionada também. Pude balançar a bandeira do Rio Grande do Sul e mostrar o orgulho que tenho do meu Estado. Quis levar ao concurso a força e a garra da nossa gente, mostrar que somos um povo que não desiste e dizer aos gaúchos que eles não estão sozinhos. Como Miss Grand Brasil, eu quero ser a voz do meu Estado e lembrar às pessoas que precisamos de muito apoio nesse momento.
Na etapa internacional, você tem a missão de representar o Brasil. Pretende também falar sobre a tragédia que aconteceu no RS?
Eu preciso conversar com a organização, mas é um desejo meu. Quero levar a força do Brasil e, também, abordar a questão da sustentabilidade e o respeito ao meio-ambiente.
Que aprendizados você tira da etapa nacional? Identificou algo que precisa melhorar?
O principal ponto é conseguir controlar a ansiedade. Eu fiz um confinamento incrível, mas o nervosismo afetou o meu momento de palco. No dia da final, eu gaguejei no inglês e fui muito criticada por isso, mas foi somente uma questão de nervosismo. Tenho as qualidades da oratória e do inglês, são coisas que já existem dentro de mim, mas que preciso executar sem nervosismo. E trabalhar o meu mental para chegar lá em paz, entendendo que o que falam sobre mim diz mais sobre quem fala do que sobre quem eu sou.
Por que você merece se tornar Miss Grand International?
Mereço pela minha história, pela minha dedicação e, principalmente, pelo ser humano que eu sou. Quero inspirar mulheres e mostrar que podemos conquistar os nossos sonhos. Vivemos em um mundo machista no qual, muitas vezes, as mulheres acabam se diminuindo. Mas nós somos capazes de coisas grandiosas, e eu sei que tenho total capacidade e potencial para chegar lá.
A final do concurso será na Tailândia e no Camboja. Como está a expectativa para a viagem?
Eu já morei na Tailândia, em Bangkok, e estou muito feliz pela oportunidade de voltar para lá. O Camboja eu ainda não conheço, então, a expectativa está muito alta. Pelo fato de ser modelo internacional há muitos anos, já morei com meninas de praticamente todos os países. Estou animada para viver essa experiência de novo, conhecer as misses de outros países e ter essa troca cultural.
Antes disso, vai passar em São Vicente do Sul?
Vou tentar, quero muito, mas não sei se será possível antes do concurso. A cidade está em festa, todo mundo está muito orgulhoso e feliz por mim. Venho de uma família muito conhecida e querida por lá, sempre estivemos envolvidos com a igreja e as causas da cidade.