Um dia após a cantora Madonna, 64 anos, anunciar uma turnê mundial para celebrar seus 40 anos de carreira, ela apareceu encenando Jesus Cristo para um ensaio da revista Vanity Fair francesa nesta quarta-feira (18). Nos cliques, a rainha do pop recria a cena da Santa Ceia cercada por modelos mulheres como se fossem os discípulos.
Em entrevista exclusiva para Simone Marchetti, diretora da Vanity Fair da Europa, a cantora relembrou críticas que recebeu da Igreja Católica. Madonna, que já foi excomungada pela instituição religiosa três vezes, afirmou achar importante ter uma vida espiritual e opinou que religião sem conhecimento e inclusão não pode existir.
— Não posso me juntar a grupos religiosos que excluem os outros ou são extremistas. Ainda assim, respeito todas as religiões e encorajo as pessoas a examinarem as crenças que seguem. Que compreendam os livros sagrados e os rituais, porque sem compreensão só restam dogmas e regras, e torna-se um exercício vazio — disse a cantora.
Madonna lembrou de quando foi criticada pela Igreja.
— Cresci em uma família católica, e ser atacada pela Igreja foi um choque: com meu trabalho, eu estava apenas tentando fazer o bem, mas eles se esquivaram — desabafou.
Para a cantora, a Igreja não entendeu que suas canções "uniam as pessoas" e lhe davam a liberdade de se expressar.
— Eu estava apenas aplicando os ensinamentos de Jesus. Meus detratores eram hipócritas — declarou.
Apesar das críticas, Madonna acredita ser importante rezar e ter uma "conexão com a alma".
— Não vejo maneira de sobreviver sem me conectar com a ideia de que existe um poder e uma energia maiores, ou que existem muitas energias. Que existe um mundo metafísico e místico do qual todos fazemos parte e com o qual devemos permanecer conectados.
A artista também foi questionada sobre as quatro décadas de canções, provocações, sucessos, críticas e triunfos de sua carreira. Em resposta, disse que poderia dizer que custou "vários bilhões", mas concluiu que é difícil mensurar os riscos que correu e quantificar seu percurso artístico.
— Dediquei todo o meu tempo, toda a minha energia para lutar e trabalhar por algo que poucos queriam acreditar, quando não achavam que eu era louca! O que isso me custou? A ausência de descanso, a renúncia à segurança, o fim da tranquilidade, a falta de sono e de serenidade mental, a impossibilidade de passar tempo suficiente com as pessoas que amo. No entanto, essa era a viagem que eu tinha que fazer e, portanto, foi o resgate que decidi pagar. Paguei até o último centavo — refletiu.
— Tenho a sensação de que as pessoas têm cada vez mais medo de expressar as suas opiniões, como se tivessem medo de serem autênticas — disse em outro momento.